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Omentielva Lempea

A Omentielva é a principal (e única?) conferência internacional de estudiosos das línguas tolkienianas no mundo. A quinta (Q. lempea) edição do evento ocorrerá neste ano, dos dias 08 a 11 de agosto, na Arkadia International Bookshop em Helsinki, na Finlândia.

O registro para participar da Omentielva Lempea pode ser feito neste link, com uma taxa de admissão de € 110,00. Esse valor cobre estadia e alimentação, e você recebe a publicação oficial com os ensaios do evento (o Arda Philology). Você pode se registrar, no mínimo, até 1º de julho de 2013 — com possíveis prorrogações.

Você também pode se registrar como um participante ausente por € 25,00, onde você apoia a organização do evento e recebe o Arda Philology desse evento.

Midgardsmál

khuzdul-axe-dwalin
And my axe!
Quanto mais estudamos as línguas élficas, mais fácil é de ficar impressionado com o trabalho de David Salo, o criador dos diálogos e letras de músicas nas línguas tolkienianas dos filmes da série O Senhor dos Anéis e O Hobbit. Para esta trilogia, Salo teve de criar duas línguas inteiras: a Fala Negra de Mordor, falada pelos orcs; e o Khuzdul, falada pelos anões. Para explicar esse processo criativo, ele lançou em fevereiro o site Midgardsmal, um blog onde ele demonstra a sua abordagem e tira dúvidas dos leitores (você também pode fazer perguntas). Eu não consegui dormir ontem antes de ler tudo que ele tinha a dizer até o momento.

Muitas pessoas não sabem, mas as línguas inventadas por Tolkien sofrem de um problema crônico de falta de vocabulário. Mesmo a língua mais elaborada por Tolkien, o Quenya, tem aproximadamente 4.500 palavras reconhecidas, e nem todas atestadas. Didier Willis, criador do Dicionário Hiswelóke de Sindarin, fez uma série de gráficos interessantes sobre o vocabulário conhecido dessa língua, que é de longe a mais utilizada em diálogos nos filmes: das 2.646 palavras conhecidas no Sindarin, 1358 foram criadas por Tolkien antes de ele sequer começar a escrever O Senhor dos Anéis e nunca mais foram atestadas em lugar algum. De todas essas 2.646 palavras, apenas 245 delas são verbos!

O vocabulário é tão deficiente que Helge Fauskanger, o criador do Curso de Quenya, perguntou na lista Elfling no último dia 30 de dezembro como os membros da lista escreveriam “por que” em Sindarin, pois até hoje não sabemos!

Isso faz o trabalho de Salo ainda mais impressionante, pois o Khuzdul possui menos que 100 palavras atestadas; a Fala Negra e o órquico combinados possuem meras 31, se contarmos desinências como “palavras”. É fascinante que ele conseguiu dar a sensação de uma língua tolkieniana verdadeira, tendo um material tão limitado para trabalhar em cima.

Eu sugiro que todos leiam e acompanhem Midgardsmál. Neste momento, Salo está se focando em explicar sua abordagem com o Khuzdul, mas ao longo dos próximos meses ele pode falar de outras línguas também. Vocês não vão querer perder isso.

Análise dos diálogos de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada

Essa notícia já está cheirando a podre, de tão velha, mas o site polonês Elendilion divulgou a análise completa dos diálogos em Sindarin de O Hobbit: Uma Jornada Inesperada. A análise foi feita por Cerebrum, linguista húngaro do site Parf-en-Ereglas.

Neste momento eu não irei traduzir, pois estou esperando aprovação dos autores. Há também uma análise das outras línguas utilizadas no filme que eu pretendo traduzir, se me for dada permissão.

Línguas tolkienianas em “O Hobbit: Uma Jornada Inesperada”

Após assistir o filme na pré-estréia do dia 13, gostaria de dividir alguns comentários sobre as línguas. Percebi a presença de cinco línguas durante o filme: órquico, Sindarin, Quenya, Khuzdul e Iglishmêk.

O iglishmêk é uma linguagem de sinais, efetivamente a versão anã do LIBRAS e outras línguas parecidas para surdos e mudos. Eu percebi que Bifur, o anão com um machado cravado na testa, utiliza uma linguagem de sinais para falar com Gandalf, enquanto estão em Bolsão. Creio que possa ser o iglishmêk, mas não tenho certeza. De qualquer forma, não conhecemos nenhum gesto do iglishmêk, então não é possível analisá-lo.

O Khuzdul eu só escutei durante a batalha no portão leste de Moria, quando Thorin comandou a carga após derrotar Azog. No futuro, será analisável.

O Quenya foi usado em um encantamento feito por Radagast, para curar um porco-espinho. Really. Eu não recordo em qualquer outro momento, inclusive na hora em que Gandalf cura Thorin no fim do filme, em que o Quenya seja utilizado. Isso é condizente com os livros, onde Gandalf utiliza encantamentos em Sindarin (como naur an edraith ammen! para criar fogo). Nos filmes d’O Senhor dos Anéis, Gandalf utilizava Sindarin também para os encantamentos, enquanto Saruman utilizava Quenya.

Como Quenya já é mais minha área, posso dizer que não encontrei problemas com a pronúncia, mas admito que é meio difícil, já que Radagast balbuceava Quenya, em transe, ao invés de realmente utilizar a língua de maneira mais eloquente.

O Sindarin foi utilizado por Gandalf, Elrond, Galadriel e Lindir, cada um com um certo nível de aptidão. Existem pronúncias comuns que estavam erradas, como Dol Guldur, onde a segunda palavra era pronunciada como oxítona. Tanto no Sindarin quanto no Quenya, palavras com mais de uma sílaba nunca serão oxítonas, mesmo quando houver uma vogal “acentuada” (como Palantír). O Hugo Weaving continua sendo o melhor falante de Sindarin do elenco.

Tolkien nunca desenvolveu uma língua órquica completa, então presumo que David Salo (que já havia criado os diálogos em línguas tolkienianas para os filmes d’O Senhor dos Anéis) criou a língua órquica seguindo o estilo que o Professor imaginou para elas. Mesmo que seja uma invenção do David Salo, foi talvez a melhor aplicação das línguas de Tolkien, pela liberdade que deu aos atores que interpretaram aos orcs.

Pratiquem seu Tengwar, crianças!

Recebi um pedido para transcrever para Tengwar o poema “Nem tudo que é ouro fulgura”, feito pelo Bilbo para o Aragorn n’O Senhor dos Anéis. Eu fiz a mão. Por quê?

Deixe-me dizer de forma clara e concisa: Eu prefiro furar meus olhos com agulhas de crochê a escrever com as fontes élficas em qualquer língua. Quenya, Sindarin, Fala Negra, inglês, português… Qualquer uma. Se eu não posso fazer a transcrição com o Online Tengwar Transcriber, eu desanimo. É muita mão de obra.

Para que eu me dê ao trabalho de transcrever no Photoshop alguma coisa no Modo Tengwar Português, a tua história tem de ser triste. Muito triste. Daquelas que eu não poderia ignorar, porque seria igual a chutar um filhote de gatinho longe. Tá, se tu for a Cammy ou a Mulher Maravilha eu também faço — não sou de ferro. Mas, sério, alguma conjunção astrológica precisa acontecer para que eu faça isso daqui pra frente.

Um lugar de santos gente que tem mais paciência do que eu é o fórum Tengwar & Outros Alfabetos Tolkienianos, na Valinor. Lá tem gente que tem desenvoltura suficiente para auxiliar qualquer um que queira uma transcrição pronta em português, para copiar e colar e levar ao tatuador. Se pedir para mim, será a mão, para satisfazer a sua curiosidade. Inglês, Quenya e Sindarin eu faço tranquilamente, mas português? Esquece.

Para quem quer ver meus garranchos élficos:

Nem tudo que é ouro fulgura
Nem todo estudante de Quenya é vadio

O Novo Testamento em Quenya

Essa é uma notícia velha, mas que eu não dei muito destaque. Mea culpa.

De qualquer forma, o Helge Fauskanger, da Ardalambion, criou uma página dentro do site dele. Nessa página, ele vem lançando traduções do Novo Testamento para o Quenya.

O uso de textos bíblicos como base para traduções é comum, por motivos óbvios. Eu, particularmente, não sou cristão, mas acho extremamente importante a existência de um corpus de textos em prosa para que um estudante possa pegar o ritmo da língua. Mesmo que seja o Quenya do Helge, e não o Quenya do Tolkien.