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Resumo do Curso de Quenya: Lição 17

Pronomes Demonstrativos

  • Sina “este”
  • Tana “aquele”
  • Enta “aquele (lá)”, aplicado ao futuro
  • Yana “aquele (anterior)”, aplicado ao passado

Os plurais são formados trocando o final –a por –ë. A posição antes ou depois do substantivo não parece importar, pois ambos são atestados.

Declinando a “Última Palavra Declinável”

Um exemplo simples para explicar: você tem o nome Elendil Voronda “Elendil, o Fiel”. Contudo, a frase que você quer escrever é “de Elendil, o Fiel”, ou seja, você quer usar o caso genitivo (-o) junto com Elendil Voronda.

As regras normais para desinências casuais dizem que elas devem ser utilizadas no substantivo (no caso, Elendil). Mas o adjetivo “fiel” (Voronda) é utilizado como um título, que pertence ao nome. Sendo Voronda a última palavra declinável (ou seja, capaz de receber a desinência), ela o recebe e vira Vorondo. Lembre-se de que se a primeira palavra deve estar no plural, ela deve receber a desinência do plural ainda que não seja a última! Em “a última palavra declinável”, “declinar” refere-se aos casos!

Foi pedido pelo Istimo nos comentários que eu desse um exemplo do uso do plural nessas “últimas palavras declináveis”. Um exemplo pode ser encontrado no poema Markirya: axor ilcalannar “sobre ossos brilhantes”. As páginas 296–7 do curso exemplificam bem as possibilidades.

Outras situações similares podem acontecer com Manwë Súlimo, Varda Elentári, Túrin Turambar (mesmo que Túrin não seja Quenya, o seu epitáfio usa este nome), etc.

Substantivos Radicais U

Eram substantivos que terminavam em -u, mas como no Quenya as palavras não podem terminar assim, mudaram para –o. Sendo assim, o radical é escrito com –u-, o plural é feito com –i ao invés de **-r, e todas as desinências casuais precisam levar isto em consideração. Um exemplo importante é ranco (rancu-), cujo plural é ranqui (< rancwi).

Números Ordinais

Via de regra, todos os ordinais são feitos a partir do número cardinal, apenas adicionando –ëa no final. Canta “quatro” vira cantëa “quarto(a)”, por exemplo.

As únicas exceções são: minya “primeiro(a)”, tatya “segundo(a)”, nelya “terceiro(a)”. Mesmo assim, esses numerais podem ser formados da outra forma.

Um Feliz Ano Novo para todos!

Resumo do Curso de Quenya: Lição 16

O Caso Instrumental

Como o nome deixa evidente, este caso serve para indicar o “instrumento” ou meio pelo qual ou com o qual o sujeito realiza ou efetua uma ação. Em português a palavra “com” serve a este propósito, mas não em todas as situações. Veja:

  • O garoto cortou-se com uma faca ? utilizaria-se o instrumental no Quenya, pois a faca foi o instrumento usado para o garoto cortar-se;
  • O garoto foi com a garota à cidade ? não utilizaria-se o instrumental, pois aqui “com” significa “junto a, ao lado da”. (Nesta situação, utiliza-se as- antes do substantivo ou prefixado a ele.)

Existem outros usos para o instrumental, então é bom dar uma lida no curso com atenção.

Na Carta Plotz (VT6:14) encontramos as seguintes formas do instrumental para cirya “navio” e lasse “folha”:

  • s. ciryanen, pl. ciryainen, pl.part. ciryalínen, dual ciryanten
  • s. lassenen, pl. lassínen, pl. part. lasselínen, dual lassenten

O autor do Curso resumiu bem: adicione -en ao dativo, mas cuidado com substantivos terminados em L (o Helge sugere –lden).

Verbos com uma vogal não enfatizada + -ta

Gostaria de enfatizar que esta parte da lição foi criada pelo Helge a partir de uma forma verbal que aparece em um contexto desconhecido em um manuscrito sobre o qual nada conhecemos (exceto essa forma e o fato de ela estar na Bodleian).

A idéia básica é que o pretérito airitáne “santificou” (VT32:7) viria do verbo *airita- “santificar” (formado do adj. airë “sagrado” + -ta). No pretérito, pelo i de -ri- ser curto, o a de -ta- seria alongado.

Outro exemplo único é envinyata- “renovar” (en- “re-” + adj. vinya “novo” + –ta), cujo particípio passivo é envinyanta (com infixação nasal, ao invés do esperado **envinyataina). Considera-se, portanto, que *airita- possuiria o particípio passivo *airinta, e envinyatáne seria o pretérito de envinyata-.

Para sustentar o argumento, o autor recorre às Etimologias, onde há o verbo ninquitá- “embranquecer”. Não encontrei nenhuma forma semelhante (adj. + -ta) além dessa, mesmo no QL, mas talvez lopeta- “trotar”, pret. lopetane (PE12:56; a raiz LOPO trata só de eqüinos) demonstra que, até mesmo em 1915, a idéia já existia no Qenya com relação às vogais não enfatizadas + -ta.

O Imperativo

É a forma verbal para expressar comandos. Além das formas listadas no Curso, em PE17:94 há cinco novos exemplos de imperativo ao menos (listados por Thorsten Renk no seu índice):

  • á kare sí añkárie “tente com mais vontade”
  • á lire am(a)lírie “cante com mais vontade”
  • a kene añkénie “olhe com mais atenção”
  • a tire antírie “veja mais de perto”
  • a nore amnórie “corra mais rápido”

À única excessão de “corra mais rápido”, todos os novos exemplos levam a crer que a maneira pela qual o imperativo é formado é: á + verbo no aoristo/infinitivo.

A fórmula nai

Nai “seja que” expressa um desejo. As frases Nai hiruvalye Valimar/Nai elye hiruva “Seja que tu encontres Valimar/Seja que tu mesmo encontre-a” no Namárië, e Nai tiruvantes “seja que [os Valar] o guardem” no Juramento de Cirion são conhecidas a tempos.

Recentemente, no Vinyar Tengwar 49, foram apresentadas cinco frases volitivas (ou seja, de fórmula nai), onde ao menos uma, nai Eru tye manata “Deus te abençoe” (também atestado em PE17:75) não possui um verbo no futuro (manata seria o presente do verbo *manta-), o que nos demonstra que o verbo de frases volitivas pode estar em qualquer tempo.

Revisão dos resumos do Curso de Quenya (10/08/2007)

Resolvi aproveitar o tempo livre que tive hoje à tarde para fazer uma série de revisões e observações necessárias aos Resumos do Curso de Quenya 1-10, haja vista a grande quantidade de informações que o VT49 nos trouxe.

Já na lição 2 deixei uma nota sobre o plural dual. Na lição 4, escrevi sobre nar vs. nár, dando preferência à última. Nos artigos onde havia tabelas com formas verbais, adicionei mais uma coluna para as formas duais, refletindo a evidência siluvat “brilharão”.

O resumo mais afetado foi o 10: ambas as desinências pronominais da 3ª pessoa do plural, como descobrimos, são diferentes no paradigma de c. 1968; enquanto isso, verya- acaba com a nossa teoria do pretérito de v. intransitivos em -ya.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 15 (Adendo)

Achei que o meu último resumo poderia causar algum transtorno na hora do estudo, já que alguns exercícios poderiam estar “errados” e o estudante não saberia qual é. Então resolvi dar uma olhada em cada um, para ter certeza de que não haveriam grandes “erros”.

Aqui estão os exercícios que precisariam de algum tipo de correção:

C. Hiritarya malta i orontissen antanë alassë lieryan, an hiritaryas carnë lierya alya.
G. I nér ye hirnë i harma nurtuva i engwi ya ihíriës samberyatsë.
H. I ambossë cenis i veru ya itíriës coaryallo, ar yant antanes annarya.

Abaixo seguem as respostas corretas dos exercícios, onde eles diferem do livro (não olhem se não acabaram os exercícios ainda, claro…):

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Resumo do Curso de Quenya: Lição 15

Primeiramente, parabéns! Passando desta lição você terá chegado mais longe do que eu jamais cheguei no Curso de Quenya. Parei de estudar de forma linear na lição 14, pois na época eu traduzia bastante e já havia aprendido alguns conceitos mais avançados.

Mesmo assim, eu precisei voltar a ler o curso eventualmente, para completar meu conhecimento. Digamos que eu “tranquei minha matrícula”. Considere tudo que você aprendeu até agora o “básico” do Quenya. Esta lição inicia a fase intermediária do seu aprendizado.

Mais Sobre Desinências Pronominais Possessivas

  • -rya significa “seu, sua”, ou seja, aplica-se aos dois gêneros;
  • -ryat é o plural dual e, possivelmente -u- é a vogal de ligação a ser utilizada entre o subst. e o pronome no dual;
  • os encontros -ny, -ly, -ry e -ty funcionam como duas consoantes separadas para definir a tonicidade (exemplo: hildinyar é paroxítona por conta disso), mas permitem que vogais longas as precedam (ex: “mão” ? máryat “par de mãos”, mas malvar “nossas mãos”);
  • verbos no infinitivo com a forma estendida em -ta (ver lição 10, p. 172-4) permitem desinências pronominais possessivas (ver p. 260). Gerúndios parecem permití-las também.

O Caso Locativo

Possui a forma singular -ssë, pl. -ssen, dual -tsë. Após n e l, a desinência aparece como -dë, devido à evolução fonética do Quenya, e talvez como -së após s ou t.

O sentido da desinência, como o nome diz, é especificar o local de uma ação, equivalente ao português “em, sobre, em cima”.

Frases Relativas

Praticamente tudo que está escrito entre as p. 264-69 está ultrapassado, por conta da publicação do VT47, em fevereiro de 2005. Por isso, vou tentar explicar rapidamente os pronomes relativos, e como eles passarão a ser utilizados na nova edição do Curso de Quenya (assim que ela sair). Na p. 264 temos:

[O pronome relativo] pode ser usado para construir frases relativas, isto é, frases encaixadas em outras frases como um tipo de expressões descritivas. Duas frases como “o tesouro é grande” e “você encontrou-o” podem ser combinadas como “o tesouro que você encontrou é grande”.

Entendido isso, é necessário saber que o Quenya tem dois pronomes relativos, enquanto o português tem um, “que”. Isso é porque o Quenya segue o modelo do inglês, que tem dois pronomes desse tipo: who e which. A diferença sendo que who é utilizado quando nos referimos a uma pessoa (ou seja, “pessoal”), enquanto which é utilizado ao se referir a coisas ou situações (ou seja, “impessoal”). Exemplo:

  • A pessoa que falou com você era grande. ? The person who spoke with you was big.
  • O tesouro que você achou era grande. ? The treasure which you have found was big.

No Quenya, temos os seguintes pronomes relativos:

  • Pessoais: sing. ye, pl. i
  • Impessoal: sing. e pl. ya

Ao contrário do que é dito no Curso de Quenya, todos os pronomes relativos (inclusive i) podem receber desinências casuais.

Outra função importante dos pronomes relativos é que, quando utilizados sem um substantivo e à frente de um verbo, podem significar:

  • ye “aquele que” ? ye carë quettar “aquele que forma palavras”
  • i “aqueles que” ? i carir quettar “aqueles que formam palavras”
  • ya “aquilo que” ? ya carë quettar “aquilo que forma palavras”

Obscuridades da Terceira Pessoa

Na época em que o autor escreveu o Curso, não havia disponível uma tabela canônica de pronomes do Quenya pós-Senhor dos Anéis, então ele estrapolou que -ryë seria a forma longa da terceira pessoa do singular, ou seja, “ele/ela/isto”. Para você completar os exercícios, precisa saber disso.

Contudo, nós sabemos hoje que em 1968/9, a forma longa da 3ª pessoa do singular era -së, e ela era raramente utilizada.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 14

Os Casos Alativo e Ablativo

A melhor maneira de lembrar da função desses dois é com a frase clássica de Elendil: Et Eärello Endorenna utúlien. Nessa frase o ablativo é utilizado dizendo de onde Elendil veio (Eärello “do Grande Mar”, ablativo) e onde ele chegou (Endorenna “para a Terra-média”, alativo). Lembrando então:

  • Alativo: “na direção de, contra” e, em algumas situações, pode significar “em, sobre, para dentro de”;
  • Ablativo: “proveniente de”, mas também pode significar “fora de” em algumas situações (ver CdQ:235-6).

Com substantivos que terminam em consoante, o Curso explica muito bem:

Se um substantivo que termine em uma consoante for receber a desinência casual para alativo ou ablativo, uma vogal de ligação (no singular -e-, no plural -i-) poderá ser inserida antes da desinência casual para evitar um encontro consonantal impossível; [caso a consoante possa sofrer uma síncope, como n], uma forma contraída é usada (ex: Rómello “do leste”, para Rómen-llo).

Equë e Auta

Quando citando uma pessoa, utiliza-se o v. equë, seguido do nome da pessoa citada e o que ela disse. Exemplo:

Equë Telcontar: “Yé! Utúvienyes!”
Diz/disse Passolargo: “Sim! Eu a encontrei!”

De outra forma, utiliza-se o verbo quet-. Exemplo:

“Yé! Utúvienyes!”, Telcontar quentë.
“Sim! Eu a encontrei!”, disse Telcontar.

Auta- significa “passar” ou “ir embora, deixar (o ponto do pensamento do falante). O verbo possui dois grupos de pretérito e perfeito com formas e significados distintos:

  • pret. oantë, perf. oantië: sentido físico de “ir embora”;
  • pret. vánë, perf. avánië: “desapareceu, passou”.

É possível encontrar informações mais completas na p. 240-1 do CdQ.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 13

O Caso Dativo

Indica o objeto indireto de uma frase. O objeto indireto é um “objeto indiretamente afetado pela ação verbal da frase” (p. 215). No português as seguintes preposições são utilizadas para simular a função do dativo:

  • para o / para a;
  • ao / à.

Em “o homem deu ao menino o livro” e “o homem deu o livro ao menino”, o objeto indireto fica claro como sendo o menino (o “ao” precedendo a palavra “menino” é um bom indicativo).

O dativo no Quenya é formado a partir das seguintes desinências:

  • -n no singular (Elda » Eldan)
  • -in no plural (Eldar » Eldain)
  • -nt no dual (Eldat » Eldant)

Como no possessivo-adjetivo, quando a desinência plural alongar a vogal final e houver uma vogal longa a prescedendo (ex: tári), não alonga-se o -i- (ex.: tarin).

Nos exercícios do curso, o plural dual não é abordado, portanto vou dar minha opinião: o que Tolkien escreve tem precedência sobre outras teorias, portanto o plural dual em -u também deve ter o dativo dual em -nt: Aldu » Aldunt.

Na p. 218 o uso do dativo é explicado em posições não tão óbvias: em frases sem um objeto direto, em frases com sujeito oculto ou expressões que não têm verbo. É muito importante para a compreensão desse caso.

Para unir um dativo a um substantivo que termine em consoante, utiliza-se -e-: atar » ataren.

O Gerúndio

Antes de tudo, entenda bem a função do gerúndio no Quenya! E o que isso significa? Que até onde sabemos, ele emula o gerúndio do inglês completamente. É importante ler toda essa parte da lição para realmente compreender todas as funções, mas em miúdos, o gerúndio pode assumir duas funções:

  1. infinitivo;
  2. substantivo.

Infinitivo: O Quenya possui um infinitivo, mas no inglês o gerúndio também pode assumir essa função quando a ação do verbo é mais “próativa”. Ex.: “eu adoro observar os pássaros” pode ser em inglês tanto “I love to observe the birds” (no inf.) quanto “I love observing the birds” (no ger.). No Quenya, a frase pode ser melin tirë i aiwi, mas também pode ser melin tirië i aiwi.

Substantivo: O gerúndio também pode ser utilizado como um substantivo verbal, sobre os quais falamos na última lição. No Juramento de Cirion, Tolkien deixa explícito que a palavra enyalië é o gerúndio do verbo enyal- “lembrar (ing. “recall”)”, mas possui sentido de substantivo, “lembrança”. De fato, essa palavra recebe uma desinência casual dativa, que nenhum verbo pode receber, exceto o gerúndio utilizado nesta função.

Quanto à formação do gerúndio, os verbos são conjugados da seguinte forma:

  • Verbos Primários adicionam a desinência -ië: hir- » hirië
  • Radicais A suplantam o -a final com -ië: naina- » nainië
  • Radicais A em -ya substituem o mesmo por inteiro: harya- » harië

O Pronome “Nós”

No Quenya, existem três desinências pronominais distintas para o que no português é expressado pela palavra “nós”:

  • -lvë: Quando o “nós” inclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) o(s) autor(es) da frase. Ex: Frodo diz a Sam e Pippin “Nós (todos) escapamos dos Cavaleiros Negros.” Nota: O Vinyar Tengwar 49 lista -lwë como uma variante válida.
  • -lmë: Quando o “nós” exclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) os autores da frase. Ex.: Os soldados de Gondor falam a Frodo e Sam “Nós (os soldados) louvaremos vocês (os objetos da frase).”
  • -mmë: Enquanto as desinências acima requerem no mínimo três indivíduos (dois de um lado e um do outro em -lvë, dois de um lado e um excluído em -lmë), esta desinência requer apenas duas, ou seja, é a desinência dual. Contudo, por não se saber se é dual inclusiva, exclusiva ou ambas, o Helge não a utiliza nos exercícios. Nota: O VT49 não lista essa desinência.

Um Pronome Indefinido

A palavra quen significa “alguém” e pode receber desinências casuais. O Vinyar Tengwar 49 traz nas páginas 19, 20 e 26 a palavra mo para “alguém”.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 12

O Possessivo

O caso possessivo indica a posse de uma coisa por um indivíduo (ex.: Róma Oroméva “Trompa de Oromë”). Ele também pode indicar o que caracteriza algo ou alguém (ex.: Taurë Huinéva “Floresta da Obscuridade”; o adjetivo huinë caracteriza taurë).

O caso é formado ao adicionar-se a desinência -va em palavras que terminam em vogais e -wa naquelas que terminam em consoantes. No plural, utiliza-se -iva.

Digno de nota é: “Se a desinência -va for adicionada a um substantivo de pelo menos três sílabas que termine em uma vogal, e as duas últimas sílabas forem curtas, então a vogal final é alongada antes da desinência casual ser adicionada, de modo que ela atrai a ênfase: a forma possessiva de Oromë é portanto Oroméva (e não **Oromeva). Por alguma razão, tal alongamento também ocorrerá se o ditongo ui ocorrer na penúltima sílaba do substantivo; a forma possessiva de huinë ‘obscuridade, sombra profunda’ é, assim, huinéva.” (Curso de Quenya, p. 212)

Substantivos Verbais ou Abstratos

Substantivos verbais, como o nome diz, são aqueles derivados de verbos. Eles podem ser formados adicionando-se as desinências -më, -lë, -ië e ao verbo desejado. Um exemplo é linda- “cantar” + -lë formando o subst. lindalë “canto, música”.

Muito importante! Os casos genitivo e possessivo interagem com substantivos abstratos desta forma:

  • Combinando um substantivo verbal com um substantivo no caso genitivo, o substantivo com o caso genitivo é o sujeito da frase. Ex.: Altariello nainië “Lamento de Altariel” (Altariel é quem faz o lamento).
  • Ao fazer agora a combinação de um substantivo verbal com um substantivo no caso possessivo, o substantivo com o caso possessivo é o objeto da frase. Ex.: Nurtalë Valinóreva “Ocultação de Valinor” (Valinor está sendo ocultada pelos Valar, e não o contrário, portanto ela é o objeto).

Resumo do Curso de Quenya: Lição 11

Genitivo

O caso genitivo identifica a fonte ou a origem de algo ou alguém (ex.: os desenhos do arquiteto). No Quenya ele é formado da seguinte maneira quando o substantivo termina em:

  • -a — substitui o -a: Varda » Vardo
  • -e — adiciona-se o -o: vendë » vendëo
  • -i — adiciona-se o -o: tári » tário
  • -o — mantém-se a forma: anto » anto
  • -u — adiciona-se o -o: curo (curu-) » curuo

No plural, a desinência -on é adicionada à forma plural do substantivo. Exemplos:

  • eleni » elenion;
  • aldar » aldaron.

A desinência -to é utilizada para o dual, mas em duais terminados em -u utiliza-se -uo:

  • cirya » ciryato;
  • alda » alduo.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 10

Advérbios

Existem alguns advérbios “básicos” no Quenya: aqua “completamente”, “agora”, amba “para cima”, háya (ou talvez haiya) “longe”, oi “sempre” e outros.

A maioria dos advérbios do Quenya são criados ao adicionar a desinência -vë a um adjetivo:

  • Adjetivos que terminam em -a apenas adicionam -vë;
  • Adjetivos que terminam em e -in são uma incógnita e não são abordados nos exercícios (até onde eu verifiquei), mas as possibilidades são abordadas nas pág. 167-8.

Desinências pronominais -ntë e -t

-ntë é a desinência pronominal da 3ª pessoa do plural (“eles/elas”) e -t é a versão curta dele e também é utilizado quando o pronome é o objeto: pustanentet “eles os pararam”.

O VT49 de julho de 2007 trouxe a tona uma tabela de pronomes que transforma -ltë na desinência pronominal para a 3ª.p.pl. Segundo CI:498, -ntë é a desinência para “quando não se menciona o sujeito previamente”. -t tornou-se a forma curta tanto da 2ª.p.sg. familiar (-tyë) quanto da 3ª.p. do dual (-stë/-ttë). Não há forma curta para a 3ª.p.pl., mas há uma forma independente, .

Estas informações fazem com que os exercícios envolvendo estas desinências tornem-se obsoletos no curso impresso.

Infinitivos com pronomes oblíquos

Quando se adiciona uma desinência a um verbo no infinitivo, e este verbo é primário, utiliza-se o infixo -ita- ao invés de simplesmente -e (ou -i): carë “fazer” ? caritas “fazê-lo”.

Já os Radicais A são uma incógnita, portanto não são abordados nos exercícios. As páginas 173-4 abordam o assunto.

Pretérito de verbos intransitivos em -ya

De maneira rápida, verbos intransitivos que terminam em -ya parecem perder esse -ya ao formar o pretérito. Exemplos:

  • farya- ? farnë
  • vanya- ? vannë
  • lelya- ? lendë (< antigo led-në)
  • ulya- ? ullë

Note que os verbos transitivos em -ya não seguem esse padrão! Cheque antes se um verbo é ou não intransitivo para não cometer enganos!

Em VT49:45 temos o verbo intransitivo verya- “casar”, cujo pret. é #veryanë, mandando nossa teoria para o espaço.

Particípios Passivos (Passados)

Verbos Radicais A formam os particípios passivos adicionando a desinência -ina à raiz: hasta- ? hastaina.

Verbos primários terminados em oclusivas (t, p, c) alongam a vogal raiz e adicionam -ina: rácina, nótina.

Os terminados em -r formam em -rna e não alongam a vogal raiz, por causa do encontro consonantal: Merna “procurado”.

Os em -m, -n e -l são incógnitas. Sugiro a leitura cuidadosa das páginas 181-2 para que você tire suas próprias conclusões.

Por fim, o Helge pressupõe que os particípios passivos (ao contrário dos ativos) concordam sim em número. Ou seja, para o plural, -a vira .