Arquivo da categoria: Curso de Quenya

Resumo do Curso de Quenya: Lição 9

Infinitivo

O infinitivo é escrito da seguinte forma:

  • Verbos primários adicionam ao final da raiz: tul- “vir” ? tulë;
  • Radicais A mantém sua forma raiz: lanta- “cair” ? lanta.

O Verbo de Negação

Ele é a antítese do “ser/estar”, ou seja, significa “não ser/estar”. Outro significado que o verbo de negação engloba é “eu não (faço algo)”.

  • Aoristo: umë;
  • Pretérito: úmë;
  • Futuro: úva (questionável, mas será utilizado até o fim do curso).
  • Presente: úma (também questionável)

Lembre-se que o aoristo é passível de ser modificado por uma desinência. Umë ? pl. umir “não são/estão”, 1ª pess. do sing. umin “eu não sou/estou”.

VT49:14 tem o verbo la- “não ser/estar”, pres. lanyë, pret. lane, mas como fiquei sabendo dessa forma apenas através do site do Thorsten Renk, não posso dizer com certeza qual o contexto em que este verbo pode ser utilizado.

Particípios Ativos (Presentes)

Para os particípios ativos, a formação é a seguinte:

  • Verbos primários possivelmente são formados adicionando-se a desinência -la à forma do verbo flexionada no presente: tir- ? tírala;
  • Radicais A adicionam -la e alongam a vogal raiz: ruma- ? rúmala.

Lembrando que se existe um encontro consonantal após a vogal raiz, não se alonga a mesma: pusta- ? pustala.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 8

Tempo Perfeito

Leia os dois primeiros parágrafos da lição e a nota de rodapé do tradutor, pois são importantes para a compreensão do tempo perfeito.

  • Verbos primários: adiciona-se a vogal raiz como prefixo, alonga-se a vogal raiz e adiciona-se -ië ao fim da raiz: tul- “vir” ? utúlië
  • Radicais A perdem o -a final, que é substituído por -ië e seguem o mesmo procedimento dos verbos primários, exceto que:
    • Radicais A em -ya parecem perdê-lo por completo: hanya- “entender” ? ahánië
    • Os que possuem encontros consonantais após a vogal raiz não alongam a mesma: lanta- “cair” ? alantië, e não **alántië
    • Os que começam em vogais são uma incógnita, por isso não são abordados nos exercícios do Curso.

Sabemos que isto não é inteiramente correto agora. menta- ? emenie (PE17:93), fanta- ? afanie (PE17:180) e outros exemplos trazidos no fim de agosto de 2007 pelo Parma Eldalamberon 17 tornará necessária a criação de um novo paradigma. Leia meu artigo PE17: Tempo Perfeito do Quenya e pequenas frases para mais informações sobre as novas evidências.

Pronomes Pessoais

As páginas 146-7 explicam o que exatamente são os pronomes. Caso você não saiba, leia com cuidado. Esta lição trata dos pronomes -n(yë) “eu”, -l(yë) “tu” e -s “ele/ela/isso”, sendo o último tratado apenas na posição de objeto.

No Quenya, os pronomes pessoais são geralmente desinências que são adicionadas ao final dos verbos (depois que os mesmos são conjugados em um tempo verbal). A fórmula para o uso dos pronomes é: Verbo + Sujeito + Objeto.

Exemplo: Utúvienyes “eu a encontrei” (ing. “I have found it”) é formado por utúvië “tenho encontrado” + -nyë “eu” + -s “isto”.

Quando somente o sujeito aparece como desinência, ela pode ser encurtada: -nyë “eu” vira -n e -lyë “tu” vira -l. Ou seja, vilin e vilinyë significam a mesma coisa, “eu vôo”.

Contudo, o objeto é sempre apresentado na forma curta: tultuvanyel “eu te chamarei” é correto, mas **tultuvanyelyë é incorreto!

Também, as desinências pronominais modificam a forma do aoristo, exatamente como se você estivesse adicionando a desinência plural: matë ? matin “eu como”.

Em c. 1968, sabemos que Tolkien considerava -l(yë) a desinência da 2ª. p.sg. formal, polida, o que na maior parte do Brasil seria a função do “tu”. Enquanto isso, -t(yë) seria a forma familiar, coloquial; o equivalente ao “você”, na maior parte do Brasil.


Como uma nota pessoal, quando eu mesmo estava estudando o Curso de Quenya comecei a fazer traduções fora dos exercícios após esta lição. De forma nenhuma essas traduções eram exemplares ou bonitas de se ler, mas me ajudaram a acelerar o processo de aprendizado consideravelmente. Caso você queira fazer o mesmo, eu sugiro que faça a tradução e envie-a para revisão nos tópidos Textos em Quenya ou Dúvidas de Quenya AQUI! no Fórum Valinor. Eu leio o fórum e, na medida do possível, respondo às dúvidas do pessoal.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 7

Futuro

As formas futuras do Quenya são escritas desta maneira:

  • Verbos primários adicionam -uva ao fim do radical: hir- “encontrar” ? hiruva;
  • Radicais A retiram o -a final do radical e adicionam -uva: linda- “escutar” ? linduva

O único verbo que poderia ser considerado irregular é quat- “encher”, que formaria o futuro quantuva, por infixação nasal. Contudo, é possível que Tolkien tenha mudado a forma verbal e não se lembrou que já tinha publicado o verbo *quanta- em O Senhor dos Anéis (SdA p. 394).

Aoristo

Há duas definições aparentemente conflitantes do aoristo:

  • Helge Fauskanger diz: “pode ser usado para expressar ‘verdades universais'” (p. 130) e que “não pode descrever qualquer ‘verdade universal’ que transcende o tempo” (p. 131) tendo em vista os exemplos que possuímos se aplicam a coisas que acontecem no presente da obra, e não no passado;
  • Carl Hostetter diz: o aoristo é usado para descrever uma ação “pontual, habitual, ou de outra forma atemporal” (VT41:15).

Até o fim deste curso iremos pressupor que o Helge está correto. É a diferença semântica que mencionei na lição 5.

  • Verbos primários adicionam ao fim do radical no singular e -ir no plural;
  • Radicais A mantém sua raiz intacta e adicionam -r para o plural.
Tipo de Verbo Exemplo Singular Plural Dual
Primario mat- “comer” matë matir matit
Radical A linda- “cantar” linda lindar lindat

Não parecem haver formas irregulares no aoristo.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 6

Pretérito

O pretérito dos verbos do Quenya é formado da seguinte forma:

Tipo de Verbo Exemplo Singular Plural Dual
Primário (1) tam- “bater” tamnë tamner tamnet
  tir- “observar” tirnë tirner tirnet
Primário (2) mat- “comer” mantë manter mantet
  top- “cobrir” tompë tomper tompet
  tac- “atar, unir, ligar” tancë tancer tancet
Primário (3) vil- “voar” villë viller villet
Radicais A orta- “erguer” ortanë ortaner ortanet

Uma breve explicação sobre os tipos diferentes de verbos primários:

  • Primário 1 — Terminam em -m e -r e apenas acionam -në para formar o pretérito;
  • Primário 2 — Terminam em oclusivas surdas (t, p, c [=k]) e sofrem infixação nasal (ver p. 116);
  • Primário 3 — Terminam em -l e duplicam o mesmo para formar seu pretérito.

Existe uma excessão nos Primários (1): Nos verbos rer- “semear”, hyar- “fender, partir”, ser- “descansar” e mir- “pressionar, empurrar, forçar” o pretérito é formado por infixação nasal com o antigo -d final, formando os pretéritos rendë, hyandë, sendë e mindë.

Os verbos que terminam em -v parecem formar o pretérito alongando a vogal raiz e adicionando apenas no final. Ex: lav- “lamber” ? lávë. Isto parece ocorrer também nos verbos ohtacar- “fazer guerra” e tul- “vir”, com os pretéritos ohtacárë, túlë.

Atenção especial ao pretérito do verbo auta- “passar”, que é oante ao invés de **autanë. Contudo, antanë é o pretérito dado por Tolkien para o verbo anta- “dar”.


De maneira geral, esta deve ser uma das mais confusas dentre as 10 primeiras lições do Curso de Quenya, devido a alta exposição do estudante a versões conflitantes do pretérito. É claro, Tolkien não tinha intenção de ensinar possíveis falantes de Quenya, mas o Helge tem. Gostaria de saber a opinião de vocês: Vocês se sentiram confortáveis com a maneira que essa lição do CdQ foi escrita?

Resumo do Curso de Quenya: Lição 5

O Verbo

Os verbos são palavras que indicam ações. No Quenya, o verbo possui dois tipos de estruturas básicas:

  • Verbos primários — Verbos monossilábicos que representam uma raiz primitiva, sem alterações: tul- “vir, chegar” < vTUL “chegar, aproximar, avançar”;
  • Verbos derivados (radicais A) — verbos criados a partir da adição das desinências -ya, -ta, -na ou -a a uma raiz primitiva: tulta- “mandar buscar/vir, invocar, trazer” < vTUL.

Uma explicação mais detalhada da mudança de sentido que as desinências oferecem pode ser encontrada na p. 398 do Curso, embora não seja necessário para a compreensão desta lição.

Os verbos do Quenya são conjugados nos tempos: presente (contínuo), pretérito, futuro, aoristo, perfeito e infinitivo, além do gerúndio. Novamente, se você foi mal em português no colégio, como eu fui, então é uma boa idéia prestar atenção na explicação do Helge de cada um. Atenção especial à sub-seção “O Sujeito e o Objeto” nas p. 106-7.

O tempo presente no Quenya funciona geralmente como o present continuous tense do inglês, ou seja, Elda máta massa significa normalmente “um elfo está comendo pão”, no sentido de que um elfo neste momento está executando essa ação. A distinção semântica é necessária para compreender mais tarde o tempo aoristo.

Os verbos do Quenya concordam em número com os seus sujeitos (os substantivos que os verbos descrevem). Não se sabe se há uma forma especial plural para os verbos se os seus sujeitos estão no dual, portanto use o plural normal por enquanto. O verbo pode receber a desinência dual -t quando for necessário.

Tipo de Verbo Exemplo Singular Plural Dual
Primário mat- “comer” máta mátar mátat
Radical A (1) pusta- “parar” pustëa pustëar pustëat
Radical A (2) ora- “impelir” órëa órëar órëat

Note que a diferença entre Radical A (1) e (2) é o encontro consonantal: uma vogal no Quenya não pode ser longa se ocorrer antes de um encontro consonantal. Isso vale para mais do que só verbos.

O Superlativo

Quando é necessário fazer uma comparação entre duas coisas ou pessoas no Quenya, há duas formas possíveis de fazê-lo:

  • O superlativo
  • A fórmula “A ná calima lá B”

Essa última fórmula é discutida na Lição 18 (p. 319). Já o superlativo é discutido aqui mesmo.

O superlativo do Quenya é formado ao adicionar o prefixo an- a um adjetivo. Por exemplo o adjetivo calima “brilhante” tem o seu superlativo ancalima “mais brilhante”. Na frase Aiya Eärendil elenion ancalima! “Salve Eärendil, a mais brilhante entre as estrelas” o uso do superlativo fica evidente.

Todos os superlativos são formados ao apenas adicionar an- como um prefixo ao adjetivo, a não ser que o adjetivo inicie em:

  • l-. Ex: an- + lauca “aquecido” ? allauca
  • r-. Ex: an- + ringa “frio” ? arringa
  • s-. Ex: an- + sarda “duro” ? assarda
  • m-. Ex: an- + moina “querido” ? ammoina

Só gostaria de fazer uma pequena observação: As vezes acho que estou fazendo o resumo muito subjetivo ou alongado, explicando ao invés de resumir o conteúdo. Se alguém também sente o mesmo, sinta-se a vontade para sugerir melhoras em qualquer tópico deste blog.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 4

Adjetivos

Os adjetivos do Quenya podem estar em duas posições na frase, sem comprometer o sentido da mesma:

  • Antes do substantivo (o mais comum). Ex: luini tellumar, lit. “azuis abóbadas”;
  • Depois do substantivo. Ex: anar púrëa lit. “sol ofuscado”.

Os adjetivos também concordam em número com o substantivo (mas não em gênero).

Por fim, os plurais são formados da seguinte forma:

Singular Plural Exemplo
-a alta “grande” ? altë “grandes”
-ëa -ië úmëa “mau” ? úmië “maus”
-i carnë “vermelho” ? carni “vermelhos”
-in *-ini¹ firin “morto” ? firini “mortos”

1. O final *-ini é extrapolado, nunca tivemos um exemplo que indicasse o verdadeiro plural dos adjetivos terminados em -in.

Verbo de Ligação

O verbo de ligação nada mais é do que o infame “verb to be” do inglês, que em português é representado por dois verbos diferentes: ser e estar. Ele une substantivos e adjetivos (i parma ná carnë “o livro é vermelho”), e também pode ser utilizado para comparar dois substantivos (parmar nar nár engwi “os livros são objetos”). As formas desse verbo no presente são:

  • — singular: “é, está”;
  • Nar Nár — plural: “são, estão”. Nota: No VT49 nár aparece, junto a várias outras formas do verbo ser/estar; por isso recomendo o uso desta palavra com a vogal longa.

O verbo de ligação geralmente está entre as duas palavras que ele une ou compara, mas pode estar após as mesmas ou até mesmo omitido, sem causar mudança no sentido da frase. Ex:

  • Feanáro ná Noldo;
  • Feanáro Noldo ná;
  • Feanáro Noldo.

resultarão em frases de mesmo sentido: “Fëanor é um Noldo”. Contudo, no último exemplo a frase também pode ser compreendida como “Fëanor, o Noldo”, então é necessário utilizar essa flexibilidade para a melhor compreensão da frase.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 3

Número Dual

Quando duas coisas (pessoas, animais, objetos, etc.) formam um par natural, usa-se o plural dual.

Exemplos de pares naturais:

  • As diversas partes do corpo de uma só pessoa: olhos, mãos, braços, pernas, pés, rins, pulmões, lábios, orelhas, narinas, átrios, ventrículos, etc.
  • Seres ou coisas que criam pares especiais: as Árvores de Valinor (ver S:31); os Frutos dessas Árvores (ver S:116); duas fortalezas irmãs (como Minas Anor e Minas Ithil, ver SdA:253); duas colinas “irmãs” (Amon Hen e Amon Lhaw, ver SdA:412); dois reinos com uma forte conexão entre si (Gondor e Anor).

As desinências:

  • -t é a desinência padrão do plural dual;
  • -u substitui a última vogal ou é adicionado após a última consoante se:
    • houver um t ou d (oclusivas alveolares) perto do fim da palavra, para evitar cacofonia;
    • o par for uma parte do corpo (acredita-se que isto seja global);
    • o substantivo terminar em uma consoante, como dito acima.

Uma última nota sobre a desinência -u: O -u substitui a última vogal a não ser que o desenvolvimento da palavra mostre que havia uma consoante entre o dual e a vogal que sobrou (único exemplo: , dual peu [< peñe, dual peñu]).

Variação de Radical

Algumas palavras do Quenya apresentam características que revelam suas formas mais primitivas. Este fenômeno é mais visível nestes casos:

  • Quando a palavra é monossilábica e possui uma vogal longa, ela encurta a vogal para receber desinências. Ex: nér (ner-) “homem”;
  • Quando a palavra terminava em uma consoante proibida pelo Quenya de estar em posição final e era nivelada para uma outra, próxima foneticamente e permitida na posição. Ex: filit (filic-) “pequeno pássaro” (T e C=K são oclusivas, mas C=K não pode estar em posição final);
  • Quando o desenvolvimento da língua fez algumas vogais finais desaparecerem e tudo que sobrou foi um encontro consonantal final (o que é proibido em Quenya). Ex: hen (hend-) “olho”;
  • Quando a palavra vem de uma versão completa que foi encurtada por motivos estéticos. Ex: Sindelda “elfo cinzento” foi reduzido para Sindel, mas seu plural é Sindeldi (Note que a vogal final desapareceu mesmo, caso contrário teríamos **Sindeldar! Ou seja, apenas as consoantes “voltam da tumba”…);
  • Em algumas palavras dissilábicas com vogais idênticas. Ex: feren (fern-) “faia”; seler (sell-) “irmã” (pois lr > ll);
  • Alguns -e e -o finais viram -i e -u respectivamente. Ex: lómë (lómi-) “noite”; rusco (ruscu-) “raposa”.

Todas as palavras com variação de radical utilizadas durante o curso são devidamente documentadas. Caso houverem dúvidas, ver vocabulário na p. 404.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 2

Substantivos

Em Quenya os substantivos podem formar plurais de duas maneiras diferentes:

  • Palavras terminadas em -a, -o, -i, -u, no hiato -ie ou em -le – adiciona-se -r ao final. Ex: Valië “Vala mulher” > pl. Valiër “Valar mulheres”.
  • Palavras terminadas em -e (que não seja -ie ou -le) ou consoantes – substitui-se o -e por -i, ou adiciona-se o -i após a consoante final. Ex: lassë “folha” > pl. lassi “folhas”.

Ignore o plural partitivo -li até o fim do curso. Você pode ler mais sobre o plural partitivo neste artigo.

O Artigo

No Quenya existe apenas o artigo definido: i. Ele serve tanto para o singular quanto para o plural, tanto para o masculino quanto para o feminino, como o inglês “the”.

Caso o substantivo seja considerado um nome próprio, como em Anar “Sol”, não é necessário o uso do artigo. Caso você queira falar de uma raça inteira, o artigo não deve ser utilizado. Exemplo: i Eldar se refere a apenas um grupo de elfos, enquanto Eldar (sem o artigo) se refere à raça élfica como um todo.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 1

Essa lição ensina ao aluno como pronunciar corretamente as palavras do Quenya. Ela é longa, comparando com as outras, e deve servir de referência enquanto você estuda.

Termos Básicos

Leia com cuidado o que está escrito em cada parágrafo!

O 1º parágrafo  explica o que são vogais. O 2º explica o que são consoantes oclusivas, fricativas, nasais, etc.

O 3º parágrafo explica o que são consoantes sonoras (que usam as cordas vocais) e surdas (que não usam as cordas vocais). Já o 4º parágrafo explica o que são sílabas.

Vogais

O Quenya possui apenas cinco vogais, ou seja, apenas cinco sons são pronunciados e esses sons não mudam de acordo com a posição:

  • O a de astro;
  • O e de educar;
  • O i de menino;
  • O o de objeto;
  • O u de urso.

Quando uma vogal do Quenya recebe um acento (á, é, í, ó, ú) ela fica LONGA, mas nunca aguda! Não existe o e de “fera” ou o o de “hora” em Quenya, não importa em que posição!

Em contraste, veja só: o português tem 13 (treze!) vogais. A maioria delas você nem conhece, pois a diferença é como se pronuncia, não como se escreve (o e de “sempre” é diferente do e de cedo). Além disso, no português uma vogal e ou o que apareça no final da palavra vira i e u respectivamente. No Quenya isso nunca acontece.

Ditongos

Existem apenas seis ditongos no Quenya, e todos são decrescentes (a vogal mais forte fica na frente). Três terminam em -i (ai, oi, ui) e três terminam em -u (au, eu, iu).

Qualquer encontro vocálico que não seja um ditongo é, claro, um hiato. Ou seja, a palavra , por exemplo, é composta de duas sílabas, pois o encontro vocálico E+A é um hiato, assim como I+E.

Consoantes

  • B é igual ao português;
  • C tem sempre som de K (nunca som de “S”);
  • D é igual ao português;
  • o F é igual ao português;
  • G sempre som de “gato”;
  • H sozinho tem sempre som do ing. high quando seguido de uma vogal;
  • em EHT e IHT, o H tem som do ich-laut [ç];
  • em AHT, OHT, UHT, o H tem som de ach-laut [x] (o rr em “carro”);
  • em HW falamos como se fosse H + U, mas bem rápido [hʷ];
  • em HY falamos como se fosse H + I, mas bem rápido [hʲ];
  • L nunca vira [u] como no português;
  • M e o N, quando sozinhos, são iguais ao português;
  • P é igual ao português;
  • QU [kʷ] é igual ao da palavra “quando”;
  • R é sempre o de “caro” [r], nunca o de “carro” [x], não importa a posição;
  • S nunca vira Z;
  • T e V são iguais ao português;
  • W sempre tem som de [u];
  • X sempre representa [ks];
  • Y é sempre o da palavra ing. yes;

Tonicidade

As regras de tonicidade do Quenya são muito simples:

  • Apenas palavras monossilábicas (que têm uma sílaba) são oxítonas. Ex: Nat é oxítona, mas Palantír não é.
  • Palavras com duas sílabas são automaticamente paroxítonas. Ex: Aman, Eru, Melcor
  • Palavras com três ou mais sílabas são paroxítonas se:
    • Se a vogal da penúltima sílaba for longa. Ex: Elentári;
    • Se houver um ditongo na penúltima sílaba. Ex: Hastaina;
    • Se houver um encontro consonantal após a vogal da penúltima sílaba. Ex: Elendil, Isildur…
    • Nota muito importante: o X (ver Helcaraxë) também conta como um encontro consonantal (por vir de KS).
  • Se a palavra não se encaixar entre as oxítonas e paroxítonas, ela será automaticamente uma proparoxítona.

Resumo do Curso de Quenya: Introdução

Farei uma série de resumos sobre cada uma das lições do Curso de Quenya, pois nem tudo que está escrito precisa ser lido da primeira vez. Contudo, antes de chegarmos às lições propriamente ditas, precisamos conhecer algumas informações importantes escritas na introdução.

  • Na página 28 você fica sabendo de onde o autor do curso, Helge Fauskanger, tirou tantas informações. Não é necessário você ler toda essa seção da introdução, mas é bom saber onde você pode encontrar a explicação de siglas como WJ, LR, Etim, etc. (p. 32) enquanto lê as lições.
  • Da página 35 a 40 você descobre o que Bill Welden disse na mensagem 33740 da lista Elfling: Tolkien não tinha uma gramática de Quenya. Ou seja, tudo que você aprender durante o curso serve apenas para que você esteja familiarizado com os padrões mais comuns encontrados no Quenya de (quase) todas as épocas.

Na página 40 é que começamos a aprender alguma coisa que seja de utilidade básica durante todo o livro, ou seja, as convenções ortograficas. Isto é muito importante, pois Tolkien nunca se preocupou realmente em normalizar a maneira que o Quenya era escrito em seu material não-publicado, cuidando desta questão apenas quando revisou O Senhor dos Anéis. Aqui estão as convenções utilizadas:

  • Só um tipo de acento é utilizado durante todo o curso, o acento agudo, como em “á, é, í, ó, ú“. Tolkien preferiu utilizar somente esse tipo de acento n’O Senhor dos Anéis, embora tenha usado anteriormente e posteriormente o acento circunflexo e o mácron para vogais longas.
  • Usa-se o C para todo K (como kaluva > caluva).
  • Usa-se o QU para todo Q (qesse > quesse).
  • Usa-se o X para todo KS (tuksa > tuxa).
  • Usa-se o N para todo Ñ (Ñoldor > Noldor).
  • Usa-se o S no lugar de Þ (þinde > sinde).
  • O trema não serve para nada, ele nunca muda o som da vogal e não é obrigatório seu uso em qualquer momento, embora algumas pessoas gostem de usá-lo. Página 44 a 47 se quiser aprender como usá-lo igual a n’O Senhor dos Anéis.

Embora a informação acima seja útil quando você começa a estudar o desenvolvimento fonológico do Quenya, utilize as informações acima somente como um guia de como os exemplos de Quenya n’O Silmarillion, nos Contos Inacabados e outros livros que contém exemplos não-publicados de Quenya deveriam parecer se fossem revisados para obedecer às convenções ortográficas d’O Senhor dos Anéis. Deixe a fonética para a Lição 1 do Curso de Quenya.