Primeiramente, parabéns! Passando desta lição você terá chegado mais longe do que eu jamais cheguei no Curso de Quenya. Parei de estudar de forma linear na lição 14, pois na época eu traduzia bastante e já havia aprendido alguns conceitos mais avançados.
Mesmo assim, eu precisei voltar a ler o curso eventualmente, para completar meu conhecimento. Digamos que eu “tranquei minha matrícula”. Considere tudo que você aprendeu até agora o “básico” do Quenya. Esta lição inicia a fase intermediária do seu aprendizado.
Mais Sobre Desinências Pronominais Possessivas
- -rya significa “seu, sua”, ou seja, aplica-se aos dois gêneros;
- -ryat é o plural dual e, possivelmente -u- é a vogal de ligação a ser utilizada entre o subst. e o pronome no dual;
- os encontros -ny, -ly, -ry e -ty funcionam como duas consoantes separadas para definir a tonicidade (exemplo: hildinyar é paroxítona por conta disso), mas permitem que vogais longas as precedam (ex: má “mão” ? máryat “par de mãos”, mas malvar “nossas mãos”);
- verbos no infinitivo com a forma estendida em -ta (ver lição 10, p. 172-4) permitem desinências pronominais possessivas (ver p. 260). Gerúndios parecem permití-las também.
O Caso Locativo
Possui a forma singular -ssë, pl. -ssen, dual -tsë. Após n e l, a desinência aparece como -dë, devido à evolução fonética do Quenya, e talvez como -së após s ou t.
O sentido da desinência, como o nome diz, é especificar o local de uma ação, equivalente ao português “em, sobre, em cima”.
Frases Relativas
Praticamente tudo que está escrito entre as p. 264-69 está ultrapassado, por conta da publicação do VT47, em fevereiro de 2005. Por isso, vou tentar explicar rapidamente os pronomes relativos, e como eles passarão a ser utilizados na nova edição do Curso de Quenya (assim que ela sair). Na p. 264 temos:
[O pronome relativo] pode ser usado para construir frases relativas, isto é, frases encaixadas em outras frases como um tipo de expressões descritivas. Duas frases como “o tesouro é grande” e “você encontrou-o” podem ser combinadas como “o tesouro que você encontrou é grande”.
Entendido isso, é necessário saber que o Quenya tem dois pronomes relativos, enquanto o português tem um, “que”. Isso é porque o Quenya segue o modelo do inglês, que tem dois pronomes desse tipo: who e which. A diferença sendo que who é utilizado quando nos referimos a uma pessoa (ou seja, “pessoal”), enquanto which é utilizado ao se referir a coisas ou situações (ou seja, “impessoal”). Exemplo:
- A pessoa que falou com você era grande. ? The person who spoke with you was big.
- O tesouro que você achou era grande. ? The treasure which you have found was big.
No Quenya, temos os seguintes pronomes relativos:
- Pessoais: sing. ye, pl. i
- Impessoal: sing. e pl. ya
Ao contrário do que é dito no Curso de Quenya, todos os pronomes relativos (inclusive i) podem receber desinências casuais.
Outra função importante dos pronomes relativos é que, quando utilizados sem um substantivo e à frente de um verbo, podem significar:
- ye “aquele que” ? ye carë quettar “aquele que forma palavras”
- i “aqueles que” ? i carir quettar “aqueles que formam palavras”
- ya “aquilo que” ? ya carë quettar “aquilo que forma palavras”
Obscuridades da Terceira Pessoa
Na época em que o autor escreveu o Curso, não havia disponível uma tabela canônica de pronomes do Quenya pós-Senhor dos Anéis, então ele estrapolou que -ryë seria a forma longa da terceira pessoa do singular, ou seja, “ele/ela/isto”. Para você completar os exercícios, precisa saber disso.
Contudo, nós sabemos hoje que em 1968/9, a forma longa da 3ª pessoa do singular era -së, e ela era raramente utilizada.
É… tenho de actualizar o meu caderninho… :p
😀
É… tenho de actualizar o meu caderninho… :p
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