O Caso Instrumental
Como o nome deixa evidente, este caso serve para indicar o “instrumento” ou meio pelo qual ou com o qual o sujeito realiza ou efetua uma ação. Em português a palavra “com” serve a este propósito, mas não em todas as situações. Veja:
- O garoto cortou-se com uma faca ? utilizaria-se o instrumental no Quenya, pois a faca foi o instrumento usado para o garoto cortar-se;
- O garoto foi com a garota à cidade ? não utilizaria-se o instrumental, pois aqui “com” significa “junto a, ao lado da”. (Nesta situação, utiliza-se as- antes do substantivo ou prefixado a ele.)
Existem outros usos para o instrumental, então é bom dar uma lida no curso com atenção.
Na Carta Plotz (VT6:14) encontramos as seguintes formas do instrumental para cirya “navio” e lasse “folha”:
- s. ciryanen, pl. ciryainen, pl.part. ciryalínen, dual ciryanten
- s. lassenen, pl. lassínen, pl. part. lasselínen, dual lassenten
O autor do Curso resumiu bem: adicione -en ao dativo, mas cuidado com substantivos terminados em L (o Helge sugere –lden).
Verbos com uma vogal não enfatizada + -ta
Gostaria de enfatizar que esta parte da lição foi criada pelo Helge a partir de uma forma verbal que aparece em um contexto desconhecido em um manuscrito sobre o qual nada conhecemos (exceto essa forma e o fato de ela estar na Bodleian).
A idéia básica é que o pretérito airitáne “santificou” (VT32:7) viria do verbo *airita- “santificar” (formado do adj. airë “sagrado” + -ta). No pretérito, pelo i de -ri- ser curto, o a de -ta- seria alongado.
Outro exemplo único é envinyata- “renovar” (en- “re-” + adj. vinya “novo” + –ta), cujo particípio passivo é envinyanta (com infixação nasal, ao invés do esperado **envinyataina). Considera-se, portanto, que *airita- possuiria o particípio passivo *airinta, e envinyatáne seria o pretérito de envinyata-.
Para sustentar o argumento, o autor recorre às Etimologias, onde há o verbo ninquitá- “embranquecer”. Não encontrei nenhuma forma semelhante (adj. + -ta) além dessa, mesmo no QL, mas talvez lopeta- “trotar”, pret. lopetane (PE12:56; a raiz LOPO trata só de eqüinos) demonstra que, até mesmo em 1915, a idéia já existia no Qenya com relação às vogais não enfatizadas + -ta.
O Imperativo
É a forma verbal para expressar comandos. Além das formas listadas no Curso, em PE17:94 há cinco novos exemplos de imperativo ao menos (listados por Thorsten Renk no seu índice):
- á kare sí añkárie “tente com mais vontade”
- á lire am(a)lírie “cante com mais vontade”
- a kene añkénie “olhe com mais atenção”
- a tire antírie “veja mais de perto”
- a nore amnórie “corra mais rápido”
À única excessão de “corra mais rápido”, todos os novos exemplos levam a crer que a maneira pela qual o imperativo é formado é: á + verbo no aoristo/infinitivo.
A fórmula nai
Nai “seja que” expressa um desejo. As frases Nai hiruvalye Valimar/Nai elye hiruva “Seja que tu encontres Valimar/Seja que tu mesmo encontre-a” no Namárië, e Nai tiruvantes “seja que [os Valar] o guardem” no Juramento de Cirion são conhecidas a tempos.
Recentemente, no Vinyar Tengwar 49, foram apresentadas cinco frases volitivas (ou seja, de fórmula nai), onde ao menos uma, nai Eru tye manata “Deus te abençoe” (também atestado em PE17:75) não possui um verbo no futuro (manata seria o presente do verbo *manta-), o que nos demonstra que o verbo de frases volitivas pode estar em qualquer tempo.
Nunca é demais dar uma lida por aqui, e principalmente no instrumental. Como adoro o seu som, tenho tendencia para abusar dele… 😕 é sempre bom lembrar que não se pode usar em todas as situações.
Nunca é demais dar uma lida por aqui, e principalmente no instrumental. Como adoro o seu som, tenho tendencia para abusar dele… 😕 é sempre bom lembrar que não se pode usar em todas as situações.