Escoteiros em Stonehenge

Gostaria de dar os parabéns a todos os membros do Movimento Escoteiro no Brasil e no mundo pelo 100º aniversário do primeiro acampamento escoteiro.

Para comemorar esse acontecimento especial, o 21º Jamboree mundial está em andamento até 08/08. Como você pode ver pela foto, hoje no aniversário a celebração foi feita em Stonehenge, mas o Jamboree em si é feito na Ilha Brownsea, onde o original aconteceu.

Parabéns novamente deste “ex-coteiro”! Sempre Alerta!

Arda Philology 1 publicado

De Anders Stenström, na lista Elfling:

O primeiro volume de Arda Philology, contendo os procedimentos da Omentielva Minya em Estocolmo, agosto de 2005, está agora sendo impressa. Mais informações em http://www.comentielva.com/ardaphil.htm, onde você pode também comprá-lo online.

R$ 48,00 é meio pesado, em minha opinião, mas é possível que valha a pena. Os textos contidos são os seguintes:

  • Petri Tikka: The Finnicization of Quenya (Petri é finlandês, e seus trabalhos de comparação Quenya-Finlandês são muito interessantes);
  • Nils-Lennart Johannesson: Quenya, the Black Speech and the Sonority Scale;
  • Susanne Vejdemo: Tolklangs in the “Real” World;
  • Magnus Åberg: Vowel Affection in Sindarin and Noldorin;
  • Måns Björkman: The Scripts of Aman (Måns Björkman é o webmaster do site Amanye Tenceli, a melhor fonte sobre o assunto na internet, e criador de várias fontes do Compêndio);
  • Christopher Gilson: “Namárië” and the Lexicon of Quenya.

Gestos Élficos

Enquanto escrevo este post estou, na verdade, sem internet, então é bom dizer que o horário é 01:37 de terça-feira (dia 31). A parte boa de estar sem internet é a prerrogativa para colocar a leitura em dia.

Enquanto lia o VT47 aqui, encontrei uma passagem muito interessante em meio a discussões dos 5 nomes diferentes que os elfos têm para suas mãos. Leitores mais assíduos de Tolkien se lembrarão um pouco do Leis e Costumes dos Eldar, e o Eldarin Hands, Fingers & Numerals é contemporâneo desse texto. Without further ado, em VT47:8-9 temos este gigantesco parágrafo (notas de Tolkien adicionadas entre colchetes):

O Eldarin Comum também possuía a palavra palata, um derivado da raiz Eldarin Comum PAL, estendida: palat, palan- “larga, estendida”… Cf. Q. palan, adv. “far and wide”; palda “largo, amplo” (< palna), paláta, Q. palta, T. plata, S. plad, significavam “a palma da mão, a mão mantida com a palma para cima ou para frente, plana e tensionada (com dedos e polegar fechados ou espalhados)”. Essa atitude tinha vários significados importantes como gestos nos costumes Eldarin (Q. Mátengwië, “línguagem das mãos”). Uma palma da mão para cima era um gesto de receptor, ou de alguém pedindo um presente; ambas as mãos postas dessa maneira indicavam que alguém estava ao serviço ou comando de outra pessoa. Uma mão mantida com a palma para frente [À altura do ombro ou mais alto. A altura adicionava ênfase.] em direção a outro era um gesto de proibição, exigindo silêncio ou a parada de qualquer ação; impedindo avanço, ordenando retirada ou partida; rejeição de um pedido. [Então uma mão nunca era levantada para cumprimentar ou dar boas-vindas. Em tal caso, a mão estaria levantada com a palma para trás, e para ênfase os dedos eram agitados na direção do sinalizador. Em um cumprimento casual ao cruzar com alguém, quando nenhuma verbalização era mais desejada, a mão era mantida com a lateral para frente, com ou sem movimento dos dedos.] O gesto do Dúnadan, Halbarad (SdA, p. 818) não era, portanto, uma sinalização élfica, e seria mal-recebida por estes. Em tal caso o gesto {élfico} seria abrir ambos os braços, um pouco abaixo do nível do ombro, com as palmas para fora: nesse caso, assim como no gesto humano, a palma aberta significa “sem arma”, mas o gesto élfico adicionava “em ambas as mãos”. [Necessariamente do seu ponto de vista, já que os Eldar não faziam distinção entre as mãos e suas operações: veja abaixo em Esquerda e Direita. O gesto de Halbarad foi com a mão direita.] A extensão dos dedos modificava o significado. O gesto de um recebedor ou pleiteador, se os dedos e polegar estavam abertos, indicavam aperto e urgência de necessidade ou pobreza. O gesto de proibição da mesma maneira era tornado mais hostil e ameaçador, indicando que se o comando não foi imediatamente obedecido, força ou armas poderiam ser usadas.

Interessante notar em S:5-6 que, a cada vez que Ilúvatar interrompe Melkor, ele o faz levantando a mão esquerda primeiro, a direita depois e, por último, levanta ambas as mãos. Sobre Esquerda e Direita (p. 9-10, notas de Tolkien entre colchetes, notas minhas entre chaves):

Nenhuma distinção era sentida entre a direita e a esquerda pelos Eldar. Não havia qualquer coisa estranha, ominosa (sinistra), fraca ou inferior sobre a “esquerda”. Nem algo mais correto e próprio (direito), de boa-aventurança ou honra sobre a “direita” {nota sobre o indo-europeu deks- omitida por motivos de brevidade}. Os Eldar eram “ambidestros”, e a alocação de diferentes serviços habituais ou funções à direita ou à esquerda era puramente uma questão individual e pessoal, não dirigida por qualquer hábito racial geral herdado. Um Elda poderia geralmente escrever com ambas as mãos; se ele escrevia com a esquerda ele começava no lado direito, se com a direita no lado esquerdo — porque os Eldar achavam mais conveniente que a mão que escrevia não cobrisse o que foi escrito imediatamente antes da letra que ele estava escrevendo no momento. [Mas a escrita era um caso especial. Para economia e claridade era desejável que cada letra deveria ter uma forma padrão. Fëanor inventou suas tengwar com formas mais convenientes para a mão direita, e essas eram consideradas as formas “corretas”; consequentemente as tengwar eram normalmente escritas da esquerda com a mão direita, especialmente em livros e documentos públicos. Se escritos com a esquerda (como muitas vezes em cartas ou registros privados) as tengwar eram revertidas, e eram corretas de frente a um espelho. Nas “runas”, de formas e arranjos mais tardios e elaborados, a reversão era significativa, e não havia diferença em conveniência para ambas as mãos. Elas eram escritas (ou gravadas) em qualquer direção, ou alternando.]

Ao fazer os gestos descritos acima qualquer uma das mãos era usada sem mudança no sentido. Fazê-los com ambas era mais enfático, indicando que o gesto expressa um comando de toda uma comunidade ou grupo, ou de um rei ou autoridade via um arauto ou subordinado. As imagens em pedra das Argonath mantinham uma mão para cima, com a palma para frente, mas era a mão direita (SdA, 411). Era um gesto humano: a mão esquerda era mais hostil; e seu uso permitia o uso na mão direita de uma arma: um machado.

Atualização nas listas de palavras em Quenya do Helge – 30 de junho

Devido à aproximação da Omentielva Tatya e um pedido de permissão para impressão, Helge Fauskanger da Ardalambion liberou nesta segunda-feira uma atualização preliminar das listas de palavras em Quenya disponíveis em seu site.

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Resumo do Curso de Quenya: Lição 15 (Adendo)

Achei que o meu último resumo poderia causar algum transtorno na hora do estudo, já que alguns exercícios poderiam estar “errados” e o estudante não saberia qual é. Então resolvi dar uma olhada em cada um, para ter certeza de que não haveriam grandes “erros”.

Aqui estão os exercícios que precisariam de algum tipo de correção:

C. Hiritarya malta i orontissen antanë alassë lieryan, an hiritaryas carnë lierya alya.
G. I nér ye hirnë i harma nurtuva i engwi ya ihíriës samberyatsë.
H. I ambossë cenis i veru ya itíriës coaryallo, ar yant antanes annarya.

Abaixo seguem as respostas corretas dos exercícios, onde eles diferem do livro (não olhem se não acabaram os exercícios ainda, claro…):

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Resumo do Curso de Quenya: Lição 15

Primeiramente, parabéns! Passando desta lição você terá chegado mais longe do que eu jamais cheguei no Curso de Quenya. Parei de estudar de forma linear na lição 14, pois na época eu traduzia bastante e já havia aprendido alguns conceitos mais avançados.

Mesmo assim, eu precisei voltar a ler o curso eventualmente, para completar meu conhecimento. Digamos que eu “tranquei minha matrícula”. Considere tudo que você aprendeu até agora o “básico” do Quenya. Esta lição inicia a fase intermediária do seu aprendizado.

Mais Sobre Desinências Pronominais Possessivas

  • -rya significa “seu, sua”, ou seja, aplica-se aos dois gêneros;
  • -ryat é o plural dual e, possivelmente -u- é a vogal de ligação a ser utilizada entre o subst. e o pronome no dual;
  • os encontros -ny, -ly, -ry e -ty funcionam como duas consoantes separadas para definir a tonicidade (exemplo: hildinyar é paroxítona por conta disso), mas permitem que vogais longas as precedam (ex: “mão” ? máryat “par de mãos”, mas malvar “nossas mãos”);
  • verbos no infinitivo com a forma estendida em -ta (ver lição 10, p. 172-4) permitem desinências pronominais possessivas (ver p. 260). Gerúndios parecem permití-las também.

O Caso Locativo

Possui a forma singular -ssë, pl. -ssen, dual -tsë. Após n e l, a desinência aparece como -dë, devido à evolução fonética do Quenya, e talvez como -së após s ou t.

O sentido da desinência, como o nome diz, é especificar o local de uma ação, equivalente ao português “em, sobre, em cima”.

Frases Relativas

Praticamente tudo que está escrito entre as p. 264-69 está ultrapassado, por conta da publicação do VT47, em fevereiro de 2005. Por isso, vou tentar explicar rapidamente os pronomes relativos, e como eles passarão a ser utilizados na nova edição do Curso de Quenya (assim que ela sair). Na p. 264 temos:

[O pronome relativo] pode ser usado para construir frases relativas, isto é, frases encaixadas em outras frases como um tipo de expressões descritivas. Duas frases como “o tesouro é grande” e “você encontrou-o” podem ser combinadas como “o tesouro que você encontrou é grande”.

Entendido isso, é necessário saber que o Quenya tem dois pronomes relativos, enquanto o português tem um, “que”. Isso é porque o Quenya segue o modelo do inglês, que tem dois pronomes desse tipo: who e which. A diferença sendo que who é utilizado quando nos referimos a uma pessoa (ou seja, “pessoal”), enquanto which é utilizado ao se referir a coisas ou situações (ou seja, “impessoal”). Exemplo:

  • A pessoa que falou com você era grande. ? The person who spoke with you was big.
  • O tesouro que você achou era grande. ? The treasure which you have found was big.

No Quenya, temos os seguintes pronomes relativos:

  • Pessoais: sing. ye, pl. i
  • Impessoal: sing. e pl. ya

Ao contrário do que é dito no Curso de Quenya, todos os pronomes relativos (inclusive i) podem receber desinências casuais.

Outra função importante dos pronomes relativos é que, quando utilizados sem um substantivo e à frente de um verbo, podem significar:

  • ye “aquele que” ? ye carë quettar “aquele que forma palavras”
  • i “aqueles que” ? i carir quettar “aqueles que formam palavras”
  • ya “aquilo que” ? ya carë quettar “aquilo que forma palavras”

Obscuridades da Terceira Pessoa

Na época em que o autor escreveu o Curso, não havia disponível uma tabela canônica de pronomes do Quenya pós-Senhor dos Anéis, então ele estrapolou que -ryë seria a forma longa da terceira pessoa do singular, ou seja, “ele/ela/isto”. Para você completar os exercícios, precisa saber disso.

Contudo, nós sabemos hoje que em 1968/9, a forma longa da 3ª pessoa do singular era -së, e ela era raramente utilizada.

Resumo do Curso de Quenya: Lição 14

Os Casos Alativo e Ablativo

A melhor maneira de lembrar da função desses dois é com a frase clássica de Elendil: Et Eärello Endorenna utúlien. Nessa frase o ablativo é utilizado dizendo de onde Elendil veio (Eärello “do Grande Mar”, ablativo) e onde ele chegou (Endorenna “para a Terra-média”, alativo). Lembrando então:

  • Alativo: “na direção de, contra” e, em algumas situações, pode significar “em, sobre, para dentro de”;
  • Ablativo: “proveniente de”, mas também pode significar “fora de” em algumas situações (ver CdQ:235-6).

Com substantivos que terminam em consoante, o Curso explica muito bem:

Se um substantivo que termine em uma consoante for receber a desinência casual para alativo ou ablativo, uma vogal de ligação (no singular -e-, no plural -i-) poderá ser inserida antes da desinência casual para evitar um encontro consonantal impossível; [caso a consoante possa sofrer uma síncope, como n], uma forma contraída é usada (ex: Rómello “do leste”, para Rómen-llo).

Equë e Auta

Quando citando uma pessoa, utiliza-se o v. equë, seguido do nome da pessoa citada e o que ela disse. Exemplo:

Equë Telcontar: “Yé! Utúvienyes!”
Diz/disse Passolargo: “Sim! Eu a encontrei!”

De outra forma, utiliza-se o verbo quet-. Exemplo:

“Yé! Utúvienyes!”, Telcontar quentë.
“Sim! Eu a encontrei!”, disse Telcontar.

Auta- significa “passar” ou “ir embora, deixar (o ponto do pensamento do falante). O verbo possui dois grupos de pretérito e perfeito com formas e significados distintos:

  • pret. oantë, perf. oantië: sentido físico de “ir embora”;
  • pret. vánë, perf. avánië: “desapareceu, passou”.

É possível encontrar informações mais completas na p. 240-1 do CdQ.

Asfaloth

Asfaloth, interpretado por Florian É claro, muita gente deve conhecer a cena: O “jovem” Frodo (Você sabia que Frodo tinha 50 anos de idade na Guerra do Anel? Tamanho não é documento…) sendo perseguido por nove Espectros do Anel a cavalo em um bosque, dependendo apenas da velocidade do cavalo em que está montado para sobreviver.

O cavalo era Asfaloth, cujo dono era Glorfindel (nos livros; Liv “Arwen” Tyler nos filmes), e o significado de seu nome é uma incógnita até hoje. Não no nível de “balrogs têm asa?”, mas chega perto. De uma forma ou de outra, coube a Bertrand Bellet uma nova tentativa de explicar esse nome na mensagem 1005 da lista Lambengolmor.

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Tabela de pronomes do Quenya revisada

Há algum tempo atrás, eu postei informações sobre a tabela de pronomes do Quenya feita por Tolkien em 1968-9. Desde lá, essa tabela foi publicada na Wikipédia inglesa, na entrada sobre Quenya.

Como a Wikipédia está sob a GNU Free Documentation License, resolvi utilizar a mesma tabela (embora traduzida) no meu artigo original, que vocês podem ler neste link. Espero que seja útil para todos os compositores.