O nome Lucas

Um dos nomes mais complicados para traduzir é o de um grande amigo, chamado Lucas. A complicação surge da falta de informação sobre a origem do nome: Lucas quer dizer “homem da Lucânia”, uma região da Itália agora chamada de Basilicata. O nome do local também não diz muito, pois a Lucânia recebeu seu nome dos seus habitantes, os lucani.

Infelizmente, não possuo fontes confiáveis sobre a origem dos nomes italianos, o que me força a recorrer a uma fonte nada confiável, a Wikipédia:

Le origini del loro nome restano oscure; poco convince infatti sia la tesi che esso derivi dal termine latino lucus (bosco sacro) che quella dal termine greco lukos (lupo) . Quest’ultima fa riferimento all’uso delle popolazioni sabelliche di adottare un animale totemico come guida nelle loro migrazioni (Primavera sacra) da cui poi assumere il nome. Tuttavia , proprio l’esempio dei loro vicini settentrionali, gli Hirpini , il cui nome deriva dal termine osco hirpus (lupo), rende poco attendibile questa ipotesi; i lucani infatti pur adottando ben presto l’alfabeto greco mantennero sempre l’osco come lingua , sembra quindi ben strano che essi abbiano assunto come nome identificativo un termine in un’altra lingua.

Portanto, segundo o artigo, os vizinhos setentrionais dos lucani, os hirpini, possuíam o radical hirpus (lobo) no seu nome, o que faz que lukos seja improvável no nome dos lucani. Fica a possibilidade então de que venha de lucus “bosque sagrado”, que poderia ser Airetaurë em Quenya. Os próprios lucani poderiam ser Airetaurelië (horrível…) ou Airetaurenórë (meio entês) ou simplesmente Airetauri (seguindo o exemplo de Quendi).

Lucas, portanto, poderia ser algo como Airetauron. Mas certamente não é uma daquelas traduções que eu consideraria para uma tatuagem!

Caso queiram traduções de outros nomes, é só entrar na seção Nomes em Élfico.

Tolkien Estate com novo site

A Tolkien Estate (o espólio de J.R.R. Tolkien) lançou um novo site ontem, em comemoração ao lançamento de Os Filhos de Húrin, o novo livro que conta a história de Túrin Turambar e sua família.

O que me chamou a atenção foi o menu superior em Tengwar: O esperado I Chîn Húrin em Sindarin para “Os Filhos de Húrin”, e em Quenya Certar para “FAQ/Perguntas Freqüentes”, um inesperado Natsenómë para “website” e Mentar para “mensagens”. Fico me perguntando se a moda vai pegar entre os sites tolkienianos!

Renk sobre o Dialeto Vanyarin

Da mesma forma como o português possui dialetos, o Quenya também. O dialeto apresentado n’O Senhor dos Anéis é o exílico, falado pelos Noldor que vieram à Terra-média com a rebelião de Fëanor e não haviam feito a viagem de retorno. Contudo, o primeiro e menor clã dos Eldar que chegaram a Valinor, os Vanyar, falavam Quenya também, em um dialeto próprio.

Thorsten Renk decidiu recolher informações sobre este dialeto, e o resultado é o artigo Vanyarin Quenya. Como tudo que o Thorsten escreve, vale a pena ser lido. E, quem sabe, alguma pérola nesse dialeto não pode ser criada baseada nessa informação? 😉

Sufixos Agentivos e Distinção de Gênero no Qenya Lexicon

Oops! Como passei a última semana instalando e configurando o Ubuntu no meu computador, meus e-mail acabaram ficando em segundo plano enquanto me acostumo com o novo sistema.

Portanto, com uma semana de atraso, noticio a vocês que o Thorsten Renk (para quem ainda não sabe, o escritor do Curso de Sindarin), escreveu um novo artigo, cujo nome é: Sufixos Agentivos e Distinção de Gênero no Qenya Lexicon.

“Poxa, Qenya de novo, Slicer?!” Pois saiba que o Qenya é uma porção ainda considerável do nosso vocabulário para composições em Quenya, principalmente no que diz respeito à botânica. Faça uma procura nas listas do Helge por “LR1”, “LR2” ou “PE” e você notará que existe uma quantidade considerável de palavras do Qenya que ainda são consideradas alternativas válidas devido à falta de formas mais recentes.

O Thorsten ilustra isto melhor do que eu:

Enquanto estudar o Qenya primordial de Tolkien é compensador por si só, as descobertas tem implicações para qualquer um tentando criar um vocabulário maior para composições em Neo-Quenya através da junção de material do Q[enya] L[exicon]. Já que o esquema para derivação de palavras não é o mesmo, pegar cegamente palavras do Qenya, como por exemplo em http://en.wikibooks.org/wiki/Quenya (e algumas outras fontes) introduz elementos na língua que estão claramente ausentes até mesmo nas Etimologias e, portanto, não se pode de maneira cabível dizer que são próximas ao Quenya do SdA (que parece ser o ideal para a maior parte dos escritores do Neo-Quenya).

Por conta disso eu sugiro a leitura a todos os estudantes do Quenya que já tenham terminado o Curso. Espero que isto também apareça algum dia traduzido na Ardalambion. *hint hint* :p

Helge lançará Lista de Palavras de Sindarin

Na mensagem 298 da lista de discussões Sindict (dedicada à discussão do Dicionário de Sindarin Hiswelóke, de Didier Willis), o escritor do Curso de Quenya, Helge Fauskanger, disse que está criando uma lista de palavras inglês-Sindarin, similar ao trabalho que já fez com o Quenya.

Didier Willis, em uma resposta a essa mensagem, dá o endereço de um projeto similar no qual esteve trabalhando. Sendo baseado no Hiswelóke, eu recomendo o uso desta lista como a mais confiável disponível publicamente para o Sindarin. É uma pena que não tenhamos uma lista igual em português, mas o Gabriel (tradutor do Curso de Quenya) falou que uma tradução provavelmente será publicada após o Curso de Sindarin, pela Arte e Letra. De repente ele se anima também a traduzir as listas de Sindarin.

2ª Conferência de Criação de Línguas

Para quem estiver viajando pela Califórnia dias 7 e 8 de julho, em Oakland (no campus da Universidade da Califórnia em Berkeley), ocorrerá a 2ª Conferência de Criação de Línguas. Os detalhes do evento foram divulgados por Sai Emrys na mensagem 33952.

O David Salo dará uma palestra sobre “Dar Profundidade Histórica à Construção Lingüística”, ponto fundamental do processo criativo de Tolkien. Salo é pragmático (até demais) em sua visão das línguas tolkienianas, mas ele realmente entende tanto do que Tolkien criou como da lingüística em si, o que já deve valer a visita.

Formas variantes em -n no Quenya

Uma interessante na Elfling: Palavras que terminam em vogais podem elidir a mesma, se a próxima palavra iniciar em uma vogal. Contudo, isso não pode ser feito se a palavra a receber a elisão for monossilábica, caso contrário sobraria apenas uma consoante flutuando no ar.

Será que Tolkien deixou essa questão desse jeito mesmo? Não é o que acha o vigilante Thorsten Renk, que lista os seguintes exemplos na mensagem 33950:

  • sî maller ‘now roads’ (LR:47)
  • sin atalante ‘now #the fallen’ (LR:47)
  • si maller ‘now roads’ (LR:56)
  • sín Andóre ‘now (is) Land of Gift’ (SD:247)
  • sín atalante ‘now (is) the Downfallen’ (SD:47)
  • sî maller ‘now roads’ (SD:310)
  • sîn atalante ‘now (is) #the fallen’ (SD:310)

“Com uma consistência notável, um -n final aparece sempre que a próxima palavra inicia em uma vogal”, diz Thorsten. “De fato, LR:385 lista as variantes sí, sin ‘agora’.” Thorsten nota também que é possível que isto tenha sido testado por Tolkien e que talvez essa seja a explicação por trás da frase Utúlie’n Aurë! n’O Silmarillion. Mesmo assim, ele nota que em Namárië i eleni é utilizado, e não **in eleni, o que provavelmente invalida o uso de *in como artigo antes de palavras iniciadas em vogais.

Roman Rausch na mensagem 33951 adiciona os exemplos ya(n) menelde “como no céu”, yan emme “como nós” (VT43:10).

Os “dedos ágeis” de Koivie-neni.

Na mensagem 996 da lista Lambengolmor, o primeiro editor do Vinyar Tengwar, Helios de Rosario Martinez, analisou uma interessante frase de Tolkien no Qenya Lexicon (QL) de 1917. A frase em questão é i·rendi tapatenda (QL:89), cujo significado é simplesmente “ladrões”.

Helios nota que tapatenda literalmente significa “dedos ágeis”. Com relação a i·rendi, o primeiro elemento é obviamente o artigo definido, mas ele não se decide se o pl. rendi vem de um possível subst. *rendë ou de um adj. renda, mas é certo de que o significado é “povo, família, clã”.

“A família de dedos ágeis?” É uma maneira interessante de chamar os ladrões. Na mensagem 997 Harm J. Schelhaas nota que em holandês os ladrões, como um grupo ou uma “(sub)classe da humanidade”, são referidos como het dievengilde, o que significa “a guilda dos ladrões”. Portanto, não seria estranho que no Qenya do jovem Tolkien uma formação dessas fizesse parte do vocabulário élfico.

Parma Tyelpelassiva: Atualizações

Para quem não sabe, a Parma Tyelpelassiva (Livro das Folhas Prateadas) é o site oficial do Thorsten Renk, criador do Pedin Edhellen, o primeiro Curso de Sindarin confiável da internet.

Há 5 dias atrás o Thorsten atualizou seu site com uma seção chamada Bêthî ‘n Adûnâyê, que contém poesias em adûnaico, a língua dos Edain. O primeiro poema chama-se Azrubêl (Amante-do-Mar, ou seja, Eärendil 😉 ) e já pode ser lido. Já na seção de Quenya (Quentar ar líri Quenyava) você pode encontrar o Quenta Maewen Sorondoyëo (Conto de Maewen e Sorondo).

Para ambos os textos há uma versão em inglês, o que ajuda na hora da compreensão, mas o valor estético já vale a visita. É uma excelente prática para a pronúncia do Quenya especialmente.