Se teorias sobre as línguas élficas fossem homens, os coveiros estariam pedindo férias neste semestre. Mais um pedacinho de nosso conhecimento presumido acaba de morrer, principalmente no que diz respeito a pretéritos do Sindarin. A lista de verbos a seguir aparecem no Parma Eldalamberon 17 (PE17) e foi compilada por Thorsten Renk, com as referências de página (e o comentário sobre echant) por Helge Fauskanger:
- sevin pret. aw (p. 173)
- dewin pret. edíw (p. 151)
- nor- pret. onur (p. 168)
- echad- pret.alt. edagant (p. 42; é sugerido que echant é a forma em uso corrente)
- carfa- pret. agarfant/agarfast (p. 126)
Aliás, como o Thorsten nota, antes disto tínhamos apenas quatro verbos no pretérito atestados no Sindarin (ao contrário do Noldorin, encontrado nas Etimologias): ónen “eu dei”, echant “fez”, teithant “escreveu” e agor “fez”, sendo que em XI:415 é dito que essas formas são “comuns” em verbos “fortes” ou “primários” do Sindarin.
Abaixo segue uma análise do Helge sobre essas formas e algumas outras. Traduzi o ing. augment para “afixo aumentativo”, porque esta foi a melhor definição que encontrei, mas só para ter certeza, ele se refere à vogal que é prefixada de forma semelhante ao tempo perfeito do Quenya (o que me parece ser o padrão descrito abaixo, para falar a verdade). Mas vamos à palavra dos especialistas:
Onur “correu” (* < onôr-) está de acordo com agor “fez” já conhecido de Quendi and Eldar (< akâr-). Sevin, pret. aw para ahawv mais antigo, reflete a raiz SAM “ter”. A idéia é que *asâm- primeiro torna-se regularmente ahauv (do qual o “ahawv” de Tolkien é simplesmente uma grafia alternativa), mas então ah- funde-se com a sílaba seguinte, -v é perdido seguindo -w, e nós ficamos com au, aw.
Edíw “falhou” deve ser um erro para *edhîw, compare adhag de dak- na p. 131. De outra maneira, esta é regularmente formada a partir de *edêw-.
Edagant como uma (aparentemente hipotética, não utilizada) alternativa a echant “criado, formado” contém #agant como um pretérito alternativo derivado da raiz KAT. Edagant representaria *et-akante anterior. Aqui nós temos a infixação nasal ao invés do alongamento da vogal-raiz (não **akât- > **agod). É interessante que o afixo aumentativo é ainda utilizado mesmo com a infixação nasal também aparecendo aqui.
Nós também podemos considerar as formas aval- e adhag/adhanc, citadas na p. 131 como os aparentes pretéritos de bal- e dak- (talvez significando “governar” e “matar (slay)”?) A primeira é anormal no fato que não mostra alongamento da vogal-raiz (baseado nos outros exemplos nós esperaríamos *avol de *abâl-). O mesmo vale para adhag ao invés de *adhog, mas adhanc é uma forma similar a #agant, tanto com o afixo aumentativo e a infixação nasal.
Agarfant como um pretérito de carfa- “falar” combina o afixo aumentativo com o sufixo -nt. Isto é surpreendente, pois o exemplo canônico teithant não possui o afixo. De acordo com o editor, agarfant foi modificado de carfant, uma forma que teria concordado com teithant. (Também compare covant ao invés de *agovant como o pretérito de covad- “coletar”, p. 16.) Seria *edeithant igualmente possível? E podemos similarmente escolher de forma mais ou menos livre entre *pent e *ebent para “falou”?
Agarfast “falou” como o pret. intransitivo de carfa- contém um sufixo nunca antes visto, embora lembre o -as conhecido de alguns verbos nas Etimologias. …
De acordo com PE17:126, Tolkien escreveu que o sufixo -nt é usado no caso de verbos transitivos, mas -ir no caso de intransitivos. Esta idéia aparentemente sobreviveu por uns dois segundos; então ele escreveu a forma do pretérito intransitivo agarfast com um sufixo totalmente diferente: Um pequeno lembrete de que nós estamos olhando para notas brutas e devemos considerar este material pelo que ele é. …
Gwaen “eu vou” (p. 148) é uma forma que parece estranha a primeira vista, mas é provavelmente regularmente derivada de *wa-in (a raiz WÂ é dada). O pretérito anwen *”eu fui” pode representar uma raiz que é tanto aumentada quanto infixada nasalmente (*a-n-we-n-), ou o A inicial vem de AWA como uma forma mais longa da raiz (também dada). Sem um sufixo pronominal nós temos anu, para o *anw mais velho.
Fonte: E:34350