O Caso Dativo
Indica o objeto indireto de uma frase. O objeto indireto é um “objeto indiretamente afetado pela ação verbal da frase” (p. 215). No português as seguintes preposições são utilizadas para simular a função do dativo:
- para o / para a;
- ao / à.
Em “o homem deu ao menino o livro” e “o homem deu o livro ao menino”, o objeto indireto fica claro como sendo o menino (o “ao” precedendo a palavra “menino” é um bom indicativo).
O dativo no Quenya é formado a partir das seguintes desinências:
- -n no singular (Elda » Eldan)
- -in no plural (Eldar » Eldain)
- -nt no dual (Eldat » Eldant)
Como no possessivo-adjetivo, quando a desinência plural alongar a vogal final e houver uma vogal longa a prescedendo (ex: tári), não alonga-se o -i- (ex.: tarin).
Nos exercícios do curso, o plural dual não é abordado, portanto vou dar minha opinião: o que Tolkien escreve tem precedência sobre outras teorias, portanto o plural dual em -u também deve ter o dativo dual em -nt: Aldu » Aldunt.
Na p. 218 o uso do dativo é explicado em posições não tão óbvias: em frases sem um objeto direto, em frases com sujeito oculto ou expressões que não têm verbo. É muito importante para a compreensão desse caso.
Para unir um dativo a um substantivo que termine em consoante, utiliza-se -e-: atar » ataren.
O Gerúndio
Antes de tudo, entenda bem a função do gerúndio no Quenya! E o que isso significa? Que até onde sabemos, ele emula o gerúndio do inglês completamente. É importante ler toda essa parte da lição para realmente compreender todas as funções, mas em miúdos, o gerúndio pode assumir duas funções:
- infinitivo;
- substantivo.
Infinitivo: O Quenya possui um infinitivo, mas no inglês o gerúndio também pode assumir essa função quando a ação do verbo é mais “próativa”. Ex.: “eu adoro observar os pássaros” pode ser em inglês tanto “I love to observe the birds” (no inf.) quanto “I love observing the birds” (no ger.). No Quenya, a frase pode ser melin tirë i aiwi, mas também pode ser melin tirië i aiwi.
Substantivo: O gerúndio também pode ser utilizado como um substantivo verbal, sobre os quais falamos na última lição. No Juramento de Cirion, Tolkien deixa explícito que a palavra enyalië é o gerúndio do verbo enyal- “lembrar (ing. “recall”)”, mas possui sentido de substantivo, “lembrança”. De fato, essa palavra recebe uma desinência casual dativa, que nenhum verbo pode receber, exceto o gerúndio utilizado nesta função.
Quanto à formação do gerúndio, os verbos são conjugados da seguinte forma:
- Verbos Primários adicionam a desinência -ië: hir- » hirië
- Radicais A suplantam o -a final com -ië: naina- » nainië
- Radicais A em -ya substituem o mesmo por inteiro: harya- » harië
O Pronome “Nós”
No Quenya, existem três desinências pronominais distintas para o que no português é expressado pela palavra “nós”:
- -lvë: Quando o “nós” inclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) o(s) autor(es) da frase. Ex: Frodo diz a Sam e Pippin “Nós (todos) escapamos dos Cavaleiros Negros.” Nota: O Vinyar Tengwar 49 lista -lwë como uma variante válida.
- -lmë: Quando o “nós” exclui o(s) indivíduo(s) ao(s) qual(is) se dirige(m) os autores da frase. Ex.: Os soldados de Gondor falam a Frodo e Sam “Nós (os soldados) louvaremos vocês (os objetos da frase).”
- -mmë: Enquanto as desinências acima requerem no mínimo três indivíduos (dois de um lado e um do outro em -lvë, dois de um lado e um excluído em -lmë), esta desinência requer apenas duas, ou seja, é a desinência dual. Contudo, por não se saber se é dual inclusiva, exclusiva ou ambas, o Helge não a utiliza nos exercícios. Nota: O VT49 não lista essa desinência.
Um Pronome Indefinido
A palavra quen significa “alguém” e pode receber desinências casuais. O Vinyar Tengwar 49 traz nas páginas 19, 20 e 26 a palavra mo para “alguém”.