Temos na página 27 do Vinyar Tengwar 49 uma interessante frase: Savin Elessar ar i nánë aran Ondórëo “Eu acredito que Elessar realmente existiu e que ele era um rei de Gondor”.
Savin “eu creio/acredito” é uma grande novidade! Um verbo sav- “acreditar” era necessário, mas ele tem um “modo de usar” que precisa ser levado em conta: “O Q[uenya] savin quando possui um substantivo ou nome ou pronome como objeto direto significa ‘eu acredito que ele/ela/isto realmente existe/existia’.” Palavras do próprio Tolkien.
Outra importante informação trazida por essa frase e outras que aparecem nas páginas 27-31 são as formas do verbo na- “ser/estar”. O pretérito que os escritores de neo-Quenya freqüentemente utilizavam, né, foi confirmado, mas nánë parece ser válido (ou ao menos um experimento de Tolkien).
Para deixar o cenário todo mais rico, na p. 28 aparecem dois exemplos do verbo “ser/estar” no pretérito com desinências pronominais: anen “eu fui/estive” e anel “tu foste/estiveste”. A partir desses exemplos é possível criar *anes(ë), *anelwë/*anelvë, *anelmë, *aneldë e *aneltë.
Infelizmente, na nova revisão do seu artigo sobre Quenya, Helge Fauskanger decidiu nivelar por baixo: lista nenyë e nelyë como possibilidades, embora essas formas não sejam atestadas em qualquer lugar do texto. Eu sugiro seguir os exemplos de Tolkien, mas não se espantem se essas formas sugeridas apareçam em uma próxima revisão do Curso de Quenya.
Deixando o pretérito um pouco de lado, aparentemente Tolkien considerou uma forma aorista do verbo “ser/estar”, mas pelo que foi dito até agora me parece que essa forma nunca chegou a ser realmente utilizada. Se for, pelos indicativos ela seria naë. Divagando sobre o assunto, David Salo chegou à uma conclusão interessante e que poderia nos ser muito útil: a forma aorista do verbo na- poderia ser o equivalente ao verbo espanhol (e português) “ser”, enquanto a forma do tempo presente (ná) poderia ser o equivalente ao verbo “estar”. Ah! lembrem que naë vira nai- quando adicionada uma desinência pronominal, como nain “eu sou”!
Por fim, temos atestado anaië para o tempo perfeito do verbo “ser/estar”.