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Mais sobre o plural em ações físicas élficas

Em 17 de janeiro foi enviada por Ugo Truffelli uma mensagem refutando a teoria de Fredrik Ström (publicada aqui na Tolkien e o Élfico), que havia argumentado sobre a frase i karir quettar ómainen “aqueles que formam palavras com vozes”, dizendo que assim como o plural normal não era utilizado para as mãos, talvez não necessitasse ser utilizado para as vozes, pois os elfos têm só uma voz cada.

Truffelli cita a passagem em PE17:161:

A expressão idiomática do Quenya para descrever as partes do corpo de várias pessoas é utilizar o número próprio a cada indivíduo, o plural das partes existindo em pares (como mãos, olhos, orelhas, pés) é raramente requerido.

E explica:

Bem, tendo em vista estas palavras, eu acho difícil ver ómainen como uma utilização desta expressão idiomática, pois óma não é uma parte do corpo que existe mais do que uma vez em uma pessoa, nem cai na categoria de “partes existindo em pares”. E se o uso idiomático necessita o singular ou dual para suplantar o plural normal — de forma a especificar o “número próprio a cada indivíduo” — nós podemos facilmente supor que o uso não-idiomático deve requerer um plural. E de fato nós encontramos ómainen.

Utilizando também como exemplo a tradução das frases “todos os estudantes ergueram suas mãos” e “aqueles que formam palavras com vozes, Truffelli demonstra como estas frases ficariam em italiano, uma língua que Tolkien adorava (ele adorava italianos e a sua língua):

O italiano, embora concorde com o Quenya sobre partes do corpo como “mãos” (então o seu exemplo seria escrito como “tutti gli studenti alzarono la loro mano”, enquanto “le loro mani” significaria “ambas as mãos cada um”), permite ambos voce “voz” e voci “vozes” (“coloro Che formano parole con la voce/le voci”).

Vocalização de oclusivas implosivas em Noldorin e Sindarin

Bertrand Bellet, em 3 de outubro enviou para a lista Lambengolmor um excelente estudo que é muito útil àqueles que compõem em Sindarin. Para simplificar, estamos falando exatamente dos encontros Vks, Vkt, Vps, Vpt, Vgl, Vgm, Vgn, Vgr e Vgt (sendo V “vogal”) no Eldarin Comum, e o que acontece no seu desenvolvimento que difere entre o Noldorin das “Etimologias” e o Sindarin d’O Senhor dos Anéis.

Acontece então que consoantes oclusivas, como k e p acima, “geralmente parecem ser sonorizadas [i.e. tornam-se g e b] em posições implosivas antes de outras oclusivas ou s, formando ditongos com a vogal precedente – provavelmente via um estágio fricativo intermediário, como a fonética geral e paralelos com línguas do mundo real sugerem”, disse Bellet no seu artigo. “Isto também se aplica a g antes de líquidas [l e r] e nasais [m, n e ñ] – provavelmente primeiro houve mutação suave para ? e então sonorizado.” ?, para quem não sabe, é o som do j de “jeito”, que não existe em Quenya e Sindarin.

O primeiro ponto indicado por Bellet com relação às diferenças entre o N. e o S. pode ser encontrado no Eldarin Comum okt, ukt, onde em N. encontramos auth, uth respectivamente, mas em S. há oeth, uith. Já as oclusivas após e tornam-se ei (> ai quando na última sílaba em S.) e depois de a traz ae.

O segundo ponto é o desenvolvimento de ps e ks para “ditongo + s” em Noldorin, mas f e ch em Sindarin, segundo PE17:134, através das evoluções ps > pph >f e ks > kkh > ch.

Teoricamente, seguindo essas informações, o Eldarin Comum *okta “guerra”, que gerou o Q ohta, se desenvolveria para *oeth em Sindarin, embora auth seja atestado em Noldorin. Da mesma forma, *lokse “cabelo” aparece como o N lhaws em V:370 (corrigido em VT45:29), mas segundo estas regras desenvolveria-se para o S *loch.

A partícula #caraxë (ou seja, carakse) encontrada no nome Helcaraxë, é encontrada como #caraes em V:362, enquanto carach é atestado como Sindarin n’O Silmarillion e em The Lord of the Rings: A Reader’s Companion. Deve ser dado crédito ao David Salo por perceber a evolução ks > kkh > ch antes de todos.

Asfaloth

Asfaloth, interpretado por Florian É claro, muita gente deve conhecer a cena: O “jovem” Frodo (Você sabia que Frodo tinha 50 anos de idade na Guerra do Anel? Tamanho não é documento…) sendo perseguido por nove Espectros do Anel a cavalo em um bosque, dependendo apenas da velocidade do cavalo em que está montado para sobreviver.

O cavalo era Asfaloth, cujo dono era Glorfindel (nos livros; Liv “Arwen” Tyler nos filmes), e o significado de seu nome é uma incógnita até hoje. Não no nível de “balrogs têm asa?”, mas chega perto. De uma forma ou de outra, coube a Bertrand Bellet uma nova tentativa de explicar esse nome na mensagem 1005 da lista Lambengolmor.

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