Estou em casa doente hoje e resolvi dar uma olhada na lista de palavras do PE17 lançada pelo Petri Tikka, que mencionei na última mensagem. Algumas delas me chamaram a atenção:
Alamen é uma nova despedida. Alámen é o imperativo dela, e tem o mesmo sentido de namárië.
Alla! é uma saudação do tipo “salve!” ou “bem-vindo!” O nosso velho conhecido Aiya! é de uso exclusivo quando estamos nos dirigindo “a grandes pessoas ou seres santos como os Valar, ou a Eärendil”.
Arta é o advérbio “etcetera”!
“Espada de duas mãos”, meus caros RPGistas, é atamaite macil.
Possivelmente o cognato do Sindarin Elrond em Quenya é Elerondo.
Hruo é “troll”.
“Jornada” é lenda? Influência do espanhol aqui?
Lindimaitar é “compositor (de músicas)”. Nyarnamaitar “escritor (de contos épicos)”. Ondomaitar “escultor (em pedra)”. Ontamo “maçon”.
Lúnaturco é o cognato em Quenya de Barad-dûr? Esta eu não esperava!
#Sam- “ter”. Pen- “não ter”. Interessante esse uso dos verbos.
Pia “pequeno” parece ser uma opção muito melhor para compostos do que pitya.
Petri Tikka enviou uma notificação à lista Elfling no último dia 31 avisando sobre duas novidades em seu site, Men Eldalambínen:
Lista de palavras do Parma Eldalamberon 17: Tikka já contribui para a lista de palavras do Helge Fauskanger há algum tempo, e essa é a primeira vez que ele lança uma parcela dessa lista separadamente. Ela contém (quase) todas as palavras contidas no PE17 sobre Quenya e é considerada “finalizada” pelo autor. Compositores, verifiquem as duas listas antes de escrever qualquer palavra!
A Finlandecização do Quenya: Foi um artigo escrito por Tikka para a conferência Omentielva Minya, e publicado no volume 1 do Arda Philology. O nome original é The Finnicization of Quenya, que espero ter traduzido corretamente. Petri é finlandês, e é uma das autoridades sobre o relacionamento entre o Quenya e a língua finlandesa. O artigo defende que o Quenya teria, mesmo em sua forma mais tardia, uma influência do finlandês mais forte do que aparenta a primeira vista. Em contraste, leia o artigo “São os elfos fino-úgricos?” do também finlandês Harri Perälä, que sugere que essa influência decresceu ao longo dos anos até ser quase nula no Quenya tardio.
Se vocês estavam preocupados em não ter o que ler sobre as línguas de Tolkien, acabaram de achar sarna para se coçar! 🙂
Eu venho agrupando [a lista] para a lista de palavras Quenya-Inglês do Helge Fauskanger (Quettaparma Quenyallo) desde o final do ano passado. Eu agora cheguei à página 160 (30 páginas para o final), então decidi publicar o que eu fiz até agora. Eu terminarei a lista logo com alguma sorte, e a polirei para um estado melhor. Minha intenção foi incluir todas as palavras ainda não publicadas do Quenya no jornal, assim como os novos significados de velhas palavras. Em situações onde ambos sentido e forma de palavra são atestados em uma fonte anterior, eu lamentavelmente não fui consistente na inclusão das referências. Esta lista tem o intuito de ser uma referência não lapidada, e como um auxílio aos entusiastas do Neo-Quenya. Para contexto e análise detalhada, sempre leia a fonte original.
Eu sou um zero a esquerda com Natal e datas comemorativas em geral, mas por sorte nem todo mundo é assim. Para a sorte de todos, o finlandês Petri Tikka (que faz excelentes traduções em Neo-Quenya, ou “Vinquenya”, como ele chama) traduziu uma canção de Natal de sua terra, chamada Arkihuolesi kaikki heitä. O resultado foi Á ilaurië nairi hata, que eu reproduzo abaixo:
Á ilaurië nairi hata,
orta vínë ar intyalë!
Melda meren sín ata yála
rénelinnar antúrë ve.
Manen pollië sí ná ringa,
írë nísat Ringarëo
lauca vilya ar hwesta milya
sirta helci hón ninquëo?
Elen aistana né tintaina
lumbulenna ambaro,
élë fainanes mettalóra,
almarë ilya Atano;
írë hínion tier calta,
nén mirilya ar losta mar,
ara calima alda haira
umë oiala Valimar.
Em finlandês, a letra é esta:
Arkihuolesi kaikki heitä,
mieles nuorena nousta suo!
Armas joulu jo kutsuu meitä
taasen muistojen suurten luo.
Kylmä voisko nyt olla kellä,
talven säästä kun tuoksahtaa
lämmin leuto ja henkäys hellä,
rinnan jäitä mi liuottaa?
Syttyi siunattu joulutähti
yöhön maailman raskaaseen,
hohde määrätön siitä lähti,
viel´ on auvona ihmisten;
kun se loistavi lasten teille,
päilyy järvet ja kukkii haat,
kuusen kirkkahan luona heille
siintää onnelan kaukomaat.
Já em português, minha tradução própria (a partir da tradução de Tikka para o inglês) é esta:
Jogue fora suas preocupações do dia-a-dia,
deixe seu coração erguer-se enquanto você é jovem!
O amado Natal já está nos chamando
novamente para grandes memórias.
Quem poderia estar com frio agora
quando do tempo do inverno sopra com fragrância
um ar macio e morno, e uma brisa gentil
que dissolve o gelo no peito?
A abençoada estrela de Natal foi acesa
na noite pesada do mundo,
um brilho sem fim saiu dela,
ainda é a bênção dos Homens;
quando ela brilha nos caminhos das crianças,
lagos cintilam e pastos florescem,
do abeto resplandescente a elas
aproximam-se as terras longínquas do paraíso.
Como um extra, aqui vai um vídeo do grupo Rajaton cantando Arkihuolesi kaikki heitä (sugestão do próprio Tikka):
O Q(u)enya aure “luz do sol, brilho do sol, luz dourada, calor” (PE12:33) com os seus significados tardios (como “(luz do) dia”, RC:727) é similar, de uma maneira suspeita, ao finlandês aurinko “o sol”. Eu apenas percebi isto enquanto lia o comentário sobre esta palavra em VT49:45. É estranho eu não ter encontrado alguém comentando este óbvio empréstimo antes de mim. A palavra finlandesa aurinko possivelmente descende de auer “nevoeiro”. E uma forma diminutiva do Quenya aure seria *aurinke…
Petri Tikka escreveu mais tarde nesse dia que Carl Hostetter apontou para ele um comentário do Christopher Gilson sobre o assunto em VT33:23 (em janeiro de 1994!). Travis Henry apontou que o latim aurum “ouro”, do i.-e. *aues “brilhar, ouro” é uma outra fonte possível, já que o latim também foi uma fonte de inspiração para o Quenya.
O primeiro volume de Arda Philology, contendo os procedimentos da Omentielva Minya em Estocolmo, agosto de 2005, está agora sendo impressa. Mais informações em http://www.comentielva.com/ardaphil.htm, onde você pode também comprá-lo online.
R$ 48,00 é meio pesado, em minha opinião, mas é possível que valha a pena. Os textos contidos são os seguintes:
Petri Tikka: The Finnicization of Quenya (Petri é finlandês, e seus trabalhos de comparação Quenya-Finlandês são muito interessantes);
Nils-Lennart Johannesson: Quenya, the Black Speech and the Sonority Scale;
Susanne Vejdemo: Tolklangs in the “Real” World;
Magnus Åberg: Vowel Affection in Sindarin and Noldorin;
Måns Björkman: The Scripts of Aman (Måns Björkman é o webmaster do site Amanye Tenceli, a melhor fonte sobre o assunto na internet, e criador de várias fontes do Compêndio);
Christopher Gilson: “Namárië” and the Lexicon of Quenya.