O bacana das línguas élficas é que você pode ser um detetive linguístico, como Tolkien era: sendo perito no dialeto das West Midlands de inglês médio, parte do seu trabalho era buscar a origem das palavras. Nessa tradição, Roger Clewey fez a análise do nome do antigo reino de Cardolan, onde as Colinas dos Túmulos e Bri se encontram n’O Senhor dos Anéis.
Roger aponta que a clássica análise de Robert Foster, em A Guide to Middle-earth, de que Cardolan significaria “País das Colinas Vermelhas” não se encaixa muito bem no uso que Tolkien fazia de um dos elementos propostos:
NDOL (Q. dola, N. & S. dol) tem o significado de “cabeça” e, quando aplicado a topônimos, geralmente se refere a uma única colina ou montanha (Dolmed, Mindolluin, Dol Amroth, etc.) e não a uma série de colinas (S. emyn).
Então, ele sugere que as três raízes abaixo formam a palavra Cardolan:
- KAR- fazer, construir. Q. kar (kard-) construção, casa; N. car casa, também carð.
- DUL- esconder. N. doelio, delio, e doltha esconder, pret. †daul, p.p. dolen escondido, secreto. Cf. Gondolind, ‑inn, ‑in “coração da rocha secreta”.
- -and – sufixo utilizado costumeiramente em nomes de regiões e países.
Com esses três elementos, o significado seria “local/terra das casas escondidas”. Diz Roger:
Tanto no Akallabêth e n’O Retorno do Rei, as tumbas dos mortos são descritas como “casas” na tradição funeral númenoriana/dúnedain. “Escondidas” parece ser adequado, já que os túmulos se encontravam dentro de montes (S. sing. torn, pl. tyrn). O sufixo geográfico ‑an(d) produz a localização e completa a palavra.