Na página 45 do VT49, Tolkien explica o uso dos numerais no Quenya.
Todos os numerais (exceto er “um”) aparecem após o substantivo. Também quando o substantivo vem antes de atta “dois”, ele se mantém no singular. Isso nos leva ao seguinte sistema, utilizando elen “estrela” como exemplo:
- Er elen. “Uma estrela.” (VT44:17 contraria isso com Eru er “um Deus”)
- Elen atta. “Duas estrelas.”
- Eleni neldë. “Três estrelas.”
- Eleni canta. “Quatro estrelas.”
Outra coisa interessante é que essa explicação acompanha uma das cinco frases volitivas apresentadas no VT49, p. 44: Nai elen atta siluvat aurenna veryanwesto. “Que duas estrelas brilhem no dia de seu casamento.” Note que o verbo sil- está no futuro e também está no plural dual! É a primeira vez que temos um exemplo de verbo com plural dual.
Sobre esse assunto, Helge Fauskanger da Ardalambion diz que “se esse substantivo é o sujeito de um verbo, o verbo recebe a desinência dual -t, portanto elen atta siluvat ‘duas estrelas brilharão'”. Por enquanto eu não possuo acesso direto a uma cópia do VT49, o que limita minha capacidade de checar essa informação, mas eu não seria corajoso o suficiente para dizer que em todas as situações envolvendo o numeral atta o verbo é posto no plural dual.
Para mim essa frase deixa explícito que esse par de estrelas tem um significado muito importante e, portanto, o verbo deveria deixar isso claro através da desinência -t, mas eu não descartaria a possibilidade de que elen atta siluvar é possível. O que impede do dia estar particularmente nublado e apenas duas estrelas quaisquer serem as únicas visíveis no céu? 🙂