Eu espero que todos vocês tenham boas lembranças da sua ceia de Natal, assim como tenham um bom almoço com a família no Dia de Natal.
Eu voltei da minha ceia para mexer um pouco no site. Dia 26 o Tolkien e o Élfico estará completando dois anos de existência, e eu gostaria de começar a melhorar uma parte do site que todo mundo parece gostar: nomes élficos.
Eu tentei ao longo do ano criar um bom sistema de banco de dados para deixar a atualização dos nomes mais simples. Infelizmente, não deu muito certo. Então estou implementando um sistema onde cada nome será uma página separada, e a lista de links para esses nomes estará na página de nomes élficos.
De qualquer forma, quem quiser dar uma olhada em como estou organizando os nomes, aqui está a lista dos nomes que começam com A:
Há algumas razões pelas quais as atualizações aqui estão lentas. Uma delas é que o nosso fim de ano traz as férias, mas o fim de ano no Hemisfério Norte não. Sendo que os produtores de estudos e publicações lingüísticas tolkienianas são daquela parte do globo, o volume de novidades é pequeno.
O que eu pude perceber de diferença no traço é que as hastes engrossam na parte inferior da tengwa, a silme, silme nuquerna, esse e esse nuquerna são muito mais abertas. De resto a fonte é muito similar à Tengwar Annatar, que é a padrão.
Caso você queira dar uma olhada na nova fonte, clique aqui para baixar um arquivo PDF com o poema Namárië (o “Lorem Ipsum” élfico).
Vemos muitas traduções élficas do famoso Poema do Anel, mas até hoje só conheci uma pessoa que fez a tradução para o verso aliterativo anglo-saxão. O nome do autor é Carl Edlund Anderson, e o poema é o seguinte:
Tabela: Comparação do Poema do Anel em anglo-saxão e inglês moderno.
Anglo-Saxão
Inglês Moderno
Hringas þríe • þéodnum Ælfa,
allra ældestum, • ofer eormengrunde.
Hringas seofun • innan sele stænnum
Dwergdryhtnum. • Derc heara hús.
Hringas nigon • néote Moncynn,
hláfordas méra • mégas déaðfæge.
Heolstres Hearra • hring ánne weardað
in dryhtsele dimmum • on dercan þrymmsetle
þér licgað scedwa • in londe Mordores.
Hring án gewalde, • hring án gefinde,
hring án gebringe, • hring án gebinde
þéoda swá þéowas • in þéostrum tógedere
þér licgað scedwa • in londe Mordores.
Rings three • for the rulers of Elves,
eldest of all, • above the mighty-ground.
Rings seven, • in halls of stone,
for the Dwarf-leaders. • Dark their houses.
Rings nine • (may) Mankind use/enjoy,
masters of horses, • kinsmen fated-to-die.
Dark’s Lord • wards one ring
in dim/gloomy leader-hall • on dark majesty-seat.
where lie shadows • in Mordor’s land.
Ring one (may) rule, • Ring one (may) find,
Ring one (may) bring, • Ring one (may) bind
nations as slaves • in darkness together
where lie shadows • in Mordor’s land.
Esta notícia não é nova (de fato lembro de tê-la noticiado no site do Conselho Branco há algum tempo), mas como o site do Sr. Carl Edlund Anderson está fora do ar, ao que parece faz dois anos, resolvi que era melhor simplesmente reproduzí-lo aqui. Uma cópia do site original pode ser vista na Wayback Machine.
O Prof. Michael Drout, presidente do departamento de inglês da Wheaton College, em Norton, Massachussets (e editor do anuário Tolkien Studies), escreveu em seu blog um número interessante sobre os cursos sobre literatura medieval em sua universidade.
Embora ele não tivesse a intenção de fazer o post sobre Tolkien em específico, ele diz que o curso sobre o autor, que é um dos cursos oficiais que ele dá, tem 62 inscritos neste outono (lá já é outono, só para avisar). O Prof. Drout nota que, em média, os cursos de Wheaton tem 19 inscritos.
A quem interesse, o seu curso sobre Chaucer tem 35 inscritos para o outono, e o de literatura medieval na primavera de 2009 tem trinta e sete.
A Evenstar, dona do site Ambar Eldaron, publicou hoje uma notícia na lista Elfling que já está a venda, na loja virtual da Ambar Eldaron na Lulu.com, o livro impresso do curso Quetin i Lambe Eldaiva, também conhecido como o Curso de Quenya de Thorsten Renk.
O livro pode ser encomendado em capa dura ou brochura, tanto em inglês quando em francês. O preço da brochura é U$ 18,66, e U$ 31,16 em capa dura para a língua inglesa. Em francês o custo é maior em U$ 0,06.
Eu tentei já comprar da Lulu.com o volume 5b dos jornais Vinyar Tengwar, e infelizmente não os recebi. Ao menos a Lulu.com me retornou o dinheiro. Talvez eu tenha sido apenas muito azarado, então quem quiser comprar algo por lá, esteja avisado mas não desencorajado! Só tenha certeza de pedir a entrega expressa, caso contrário você não poderá rastrear o pedido.
Quase todo dia eu recebo e-mails ou mensagens pedindo para passar nomes ou frases para “élfico”. Na maior parte das vezes, isso significa passar para o sistema de escrita Tengwar. Outras vezes eu recebo mensagens pedindo para que eu passe a frase “tal” para Tengwar Sindarin, como se essa fosse uma língua ou um sistema de escrita em si. Ambos esses pedidos deixam transparecer que o leitor ocasional não compreende o que eles estão pedindo. Tentarei tirar algumas dúvidas aqui.
O que é “Tengwar”?
Tengwar é isto:
O que é “élfico”?
Aiya Eärendil elenion ancalima!
Como eles se relacionam?
A frase que está escrita em Tengwar é a mesma que está escrita nos caracteres latinos. O que nos leva à conclusão de que…
TENGWAR É UM ALFABETO, NÃO UMA LÍNGUA!
Como eu aprendo a escrever com o alfabeto Tengwar?
Há dois passos para se seguir no aprendizado:
Aprender o “Modo”
Isso significa aprender a convenção feita por Tolkien ou por fãs entre cada um dos caracteres disponíveis no alfabeto Tengwar e os sons de uma determinada língua. (No nome de cada Modo abaixo há um link para o local onde você pode aprendê-lo.)
O português nunca teve um modo inventado por Tolkien. Os fãs brasileiros da Valinor, contudo, inventaram um Modo Português que está em desenvolvimento neste link.
Aprender a usar as fontes
As fontes do Tengwar não possuem uma correspondência de 1:1 entre o alfabeto latino e o Tengwar. Se você realmente fez o que eu disse e aprendeu os modos antes de tentar usar as fontes, o motivo para isso deve ficar bem óbvio.
Caso você seja apressadinho e pulou o passo anterior (que vergonha, hein?), o motivo para o qual as fontes Tengwar não possuem uma correspondência de 1:1 para o alfabeto latino é que um só símbolo Tengwar pode representar o som de até TRÊS LETRAS latinas em alguns Modos.
Como eu sei descubro qual tecla mostra qual caractere com as fontes Tengwar?
Se você baixou meu Compêndio de Fontes Élficas, deve ter percebido que ele veio com a documentação de cada fonte. Na pasta “tngan120” você encontra o arquivo “tngandoc.pdf“, que a partir da página 7 traz um mapa de caracteres excelente para imprimir e usar como guia. Ele serve para todas as fontes, e as variações de uma para outra são mínimas.
A fonte Tengwar Quenya é mais adequada para escrever na língua Quenya?
Não. Isso é um dos erros mais comuns para os novatos. A fonte Tengwar Quenya (assim como a sua irmã Tengwar Sindarin e a língua Sindarin) não foi feita especificamente para escrever em Quenya. O criador delas, Dan Smith, simplesmente escolheu esse nome para representar um estilo de caligrafia élfico nos qual ele se baseou para criar sua fonte.
Qual a diferença de uma fonte para outra, então?
Só a aparência. Abaixo segue o nome da personagem Galadriel no Modo de Beleriand nas fontes Tengwar Eldamar, Tengwar Cursive e Tengwar Annatar (normal, e depois itálico). De repente você consegue perceber a diferença:
Conclusão
Eu creio que vocês terão muito mais dúvidas do que as que eu esclareci acima. Portanto, sintam-se livres para fazer essas perguntas nos comentários!
O estudioso Roman Raush escreveu em seu site Sindanórië um artigo chamado Sobre as diferentes formas de “nós” em Eldarin. Quem lê este blog e já estudou o Quenya deve saber que há uma certa razão para estudar as formas da 1ª pessoa do plural em específico, de forma cronológica. Para quem não estudou, eu explico:
É difícil haver um tema mais discutido na lingüística tolkieniana do que os pronomes, ainda mais entre os compositores de neo-élfico. Antes do VT49 e do PE17 havia uma falta de informação sobre o assunto, e agora há uma abundância de exemplos e tabelas. Ocorre que, como Tolkien nunca escreveu uma gramática de Quenya atualizada até o pináculo de seu desenvolvimento em 1973, fica a critério do compositor decidir que funções gramaticais ele utilizará ou não em suas obras neo-élficas.
Ademais, a 1ª pessoa do plural no Quenya é diferente da que nós encontramos no português, inglês, e outras línguas mais conhecidas. Ela possui quatro formas distintas:
Inclusiva
Ela inclui a pessoa com quem falamos. Por exemplo, quando falo de você (leitor), um grupo de amigos meus, e eu (escritor) como “nós”, estou incluindo você no nós, e portanto em Quenya eu utilizaria o “inclusivo”.
Exclusiva
Ela não inclui a pessoa com quem falamos. Quando meu grupo de amigos e eu falamos para você sobre “nós”, o nós aqui é exclusivo, pois não estamos contando você entre “nós”.
Dual inclusiva
Quando falo “nós” no sentido de “nós dois, você e eu”, note que são apenas duas pessoas, e que estou lhe incluindo. Por isso que é “dual” e “inclusivo”.
Dual exclusiva
É quando falo “nós” no sentido de “nós dois, meu amigo e eu, mas não você”. Ou seja, eu estou excluindo a pessoa com quem eu falo do “nós”, tornando-o “dual” (pois são duas pessoas no “nós”), mas desta vez ele é “exclusivo”.
Há um ano atrás era fácil encontrar um padrão para a utilização dos pronomes pessoais para composições: seguia-se o paradigma estipulado por Helge Fauskanger em seu Curso de Quenya e pronto! Mas hoje há um outro Curso de Quenya, o Quetin i Lambe Eldaiva do Thorsten Renk, que contém informações mais novas do que o Curso do Helge, mas faz uma escolha diferente em seu paradigma de pronomes pessoais. Por fim, você pode também considerar o paradigma sugerido por Carl Hostetter na Wikipédia (e reproduzido aqui), que embora não seja criado com o neo-élfico em mente, pode ser adicionado a um comparativo.
Juntos, os três paradigmas dão as seguintes sugestões para a 1ª pessoa do plural:
Tabela 1: Comparação entre paradigmas da 1ª pessoa do plural em Quenya tardio.
Fauskanger
Renk
Hostetter
Inclusivo
-lvë
-lmë
-lvë/-lwë
Exclusivo
-lmë
-mmë
-lmë
Dual inclusivo
-mmë
-lvë/-ngwë
-ngwe/-ince/-inque
Dual exclusivo
-mmë
Como vocês podem ver, os três paradigmas concordam em alguns pontos e discordam em outros quase de forma aleatória, aos olhos de alguém que, ao contrário de Roman Rausch, não leu as fontes primárias dessas formas. Mas através do artigo do estudioso alemão, é possível ver os motivos por trás da escolha de cada um dos paradigmas:
Fauskanger, com menos fontes para trabalhar, preferiu as formas mais tardias conhecidas até o momento em que compôs o seu Curso. Contudo, na página 227 dele, você pode ler que o próprio Fauskanger utilizava um sistema parecido com o de Renk. No fim das contas ele utilizou uma tabela deduzida com os valores pós-1965 (quando a Segunda Edição do SdA foi publicada, onde omentielmo virou omentielvo).
Renk, com mais material para trabalhar, decidiu por uma tabela alternativa: ao invés de utilizar os valores de 1965, agora disponíveis, ele utilizou um paradigma anterior, que coincide com a primeira edição do SdA. As razões eu escrevo abaixo.
Hostetter, creio eu, nunca teve a intenção de que o seu resumo se tornasse um paradigma a ser utilizado. Portanto, ele apenas fez um agregado de tabelas pós-1965, com informações que Fauskanger não tinha quando escreveu o seu Curso.
Quanto ao raciocínio de Renk? Ele provavelmente é fundado em dois fatores:
No Louvor de Cormallen, os soldados falam a palavra laituvalmet, que manteve-se dessa forma nas duas edições do SdA. Na Primeira Edição, os soldados dirigiam-se a si próprios, incluindo todos os soldados entre aqueles que longamente louvarão os dois Hobbits. Na Segunda Edição eles se dirigem aos Hobbits, dizendo que “longamente louvaremos vocês dois”, excluindo Frodo e Sam do “nós”. Portanto o sentido é uma questão de interpretação.
Na mais lembrada omentielmo/omentielvo, no ensaio de 1960 “Quendi and Eldar”, quando -lme ainda era uma forma inclusiva, Tolkien deixa explícito que a palavra omentië é utilizada para encontros entre dois grupos, enquanto yomenië é utilizado para encontros entre três ou mais grupos. Portanto, ao manter -lva como dual a frase ainda faz sentido, pois o grupo dos Hobbits e o grupo dos Elfos formam dois grupos; desta forma é possível utilizar a forma dual de “nós”.
Agora que expliquei sobre os paradigmas do neo-élfico, fica a questão: e Tolkien?
Através do artigo é possível ver, como diz Rausch, que Tolkien não criou a mudança no sentido das desinências do nada. A idéia do uso de me- como forma exclusiva e qe-, mais tarde *we- como formas inclusivas vêm das primeiras versões do Qenya, como as encontradas no Early Qenya Grammar.
Para os que se interessam pelo estudo, um ensaio comparativo cronológico assim nunca foi feito sobre o assunto. Para os que se interessam por compor, é mais um aviso de que o material mais antigo pode trazer informações interessantes sobre as idéias do Professor.
A nova versão do Curso de Quenya do Thorsten Renk está disponível no site dele, Parma Tyelpelassiva.
Esse curso é diferente do Curso de Quenya do Helge Fauskanger em alguns pontos:
Verbalmente é mais compacto. Não há explicações longas sobre as funções gramaticais, apenas o que você precisa para escrever. Se você está procurando isso mesmo, algo sucinto, o curso é para você. Caso encontre dificuldades, talvez tenha mais sorte com o curso do Fauskanger.
Ensina Tengwar. Você aprende ao mesmo tempo como escrever com o alfabeto latino e com a escrita élfica.
As funções gramaticais foram escolhidas a dedo. Não que eu esteja dizendo que o Fauskanger não escolheu as suas depois de uma deliberação longa, mas o Thorsten tem um sistema próprio. Se isso é bom ou ruim é outra história. Para mim apenas é importante dizer que meus resumos e meu material de apoio se aplica ao curso do Fauskanger, por ser mais acessível ao estudante brasileiro, e conflitos podem ocorrer (como no caso da 1ª pessoa do plural).