Resumo do Curso de Quenya: Lição 12

O Possessivo

O caso possessivo indica a posse de uma coisa por um indivíduo (ex.: Róma Oroméva “Trompa de Oromë”). Ele também pode indicar o que caracteriza algo ou alguém (ex.: Taurë Huinéva “Floresta da Obscuridade”; o adjetivo huinë caracteriza taurë).

O caso é formado ao adicionar-se a desinência -va em palavras que terminam em vogais e -wa naquelas que terminam em consoantes. No plural, utiliza-se -iva.

Digno de nota é: “Se a desinência -va for adicionada a um substantivo de pelo menos três sílabas que termine em uma vogal, e as duas últimas sílabas forem curtas, então a vogal final é alongada antes da desinência casual ser adicionada, de modo que ela atrai a ênfase: a forma possessiva de Oromë é portanto Oroméva (e não **Oromeva). Por alguma razão, tal alongamento também ocorrerá se o ditongo ui ocorrer na penúltima sílaba do substantivo; a forma possessiva de huinë ‘obscuridade, sombra profunda’ é, assim, huinéva.” (Curso de Quenya, p. 212)

Substantivos Verbais ou Abstratos

Substantivos verbais, como o nome diz, são aqueles derivados de verbos. Eles podem ser formados adicionando-se as desinências -më, -lë, -ië e ao verbo desejado. Um exemplo é linda- “cantar” + -lë formando o subst. lindalë “canto, música”.

Muito importante! Os casos genitivo e possessivo interagem com substantivos abstratos desta forma:

  • Combinando um substantivo verbal com um substantivo no caso genitivo, o substantivo com o caso genitivo é o sujeito da frase. Ex.: Altariello nainië “Lamento de Altariel” (Altariel é quem faz o lamento).
  • Ao fazer agora a combinação de um substantivo verbal com um substantivo no caso possessivo, o substantivo com o caso possessivo é o objeto da frase. Ex.: Nurtalë Valinóreva “Ocultação de Valinor” (Valinor está sendo ocultada pelos Valar, e não o contrário, portanto ela é o objeto).

Vinyar Tengwar lança “Série Especial”

Segundo o editor Carl F. Hostetter, alguns leitores do jornal Vinyar Tengwar fizeram um pedido interessante: Que tal unir os artigos que tem mais de uma parte em volumes especiais?

A idéia foi excelente e os editores aceitaram. O resultado chama-se The Collected Vinyar Tengwar Special Series (Série Especial), que já conta com três volumes:

  1. Words of Joy – Unindo as edições 43 e 44, onde se encontram as traduções de Tolkien para o Quenya e o Sindarin de várias orações católicas;
  2. Addenda and Corrigenda to the Etymologies – Unindo as edições 45 e 46, onde é apresentada adições e correções às Etimologias (originalmente em HoME V – The Lost Road and Other Writings), uma espécie de dicionário etimológico das línguas élficas criado por Tolkien na década de 1930.
  3. Eldarin Hands, Fingers & Numerals – Unindo as edições 47-49, contendo as três partes da apresentação desse ensaio filológico escrito nos últimos anos de vida de Tolkien.

Essas edições especiais, como as outras, podem ser encomendadas no site http://www.lulu.com/elf com dois tipos de encadernação diferentes: brochura (capa mole, como um livro comum) e com espiral (para poder abrir sobre uma mesa).

Relatório: Dissertação de Mestrado “Jovens Leitores do SdA” na UFRGS

Assisti nesta segunda-feira passada (11/06) à defesa da dissertação de mestrado da Larissa Camacho Carvalho na Faculdade de Educação da UFRGS. A orientadora da Larissa é a Dra. Maria Stephanou, que me pareceu extremamente simpática ao projeto (além de ela mesma ser muito simpática). Na banca examinadora estavam o Dr. Nilton Bueno Fischer (PPGEDU/UFRGS), Dra. Elisabeth Garbin (PPGEDU/UFRGS), Dra. Diana Maria Marchi (FAPA) e a Dra. Carlota Boto (USP).

Sem me alongar muito, aqui vão algumas questões abordadas pela banca:

  • O impacto das comunidades virtuais no ensino e nos hábitos sociais dos jovens: Neste aspecto, o trabalho da Larissa foi considerado um bom avanço em direção à uma compreensão melhor do assunto pelos profissionais da educação.
  • Tolkien como meio, não como princípio ou fim: O Dr. Fischer mencionou o uso de Tolkien como um meio, até onde lembre de “conectar os professores aos alunos”. Não discordo que, realmente, a possibilidade é de que haja sucesso utilizando essa aproximação da questão. Contudo, é minha opinião como uma pessoa que vem estudando Tolkien por 5 anos, que a melhor maneira de utilizar Tolkien para educar (o que engloba mais do que apenas “na educação“) é estudar Tolkien por Tolkien, e não utilizá-lo como uma fonte de explicação. As obras de Tolkien dependem do mundo real (ou “primário”, como ele próprio dizia), o que abre possibilidades de ensinar coisas concretas enquanto se ensina Tolkien, enquanto o caminho reverso me parece não dar tal consistência.
  • “O que é ‘juventude’?”: A inclusão de pessoas de 29 anos como jovens parecia, aos membros da banca, difícil de aceitar. A Larissa argumentou em sua defesa que suas medidas foram principalmente o estilo de vida dos entrevistados, que praticam atividades (como jogar RPG) que são compatíveis com o que se acredita ser “atividades de jovens”. Outra medida foi que, em alguns casos, os jovens conheceram há muito tempo atrás os livros, e na época eram realmente de “idade jovem”.

Há uma curiosidade sobre essa dissertação que talvez irá agradar aos leitores de Tolkien: A Larissa transformou a dissertação praticamente em uma narrativa, cheia de detalhes e minúcias, do jeito que o Professor escreveria um livro (em sua devida proporção, claro). De fato, todos os membros consideraram uma leitura atraente e, em alguns pontos, sentiram-se decepcionados de não verem mais detalhes ainda! Uma excelente jogada!

Você pode fazer o download da dissertação aqui, da maneira que foi entregue no dia (PDF). Ela recebeu nota máxima e será publicada pela UFRGS.

Mythopoeic Awards 2007

A Mythopoeic Society divulgou no dia 9 de junho (último sábado) os finalistas do Mythopoeic Awards, a premiação anual da sociedade. No Mythopoeic Scholarship Award in Inklings Studies, prêmio para trabalhos acadêmicos sobre os Inklings (Tolkien, Lewis, Williams, etc.), todos os finalistas escreveram livros baseados nas obras de Tolkien:

  1. “Perilous Realms: Celtic And Norse in Tolkien’s Middle-earth” (Marjorie Burns)
  2. “Interrupted Music: The Making Of Tolkien’s Mythology” (Verlyn Flieger)
  3. “The Ring of Words: Tolkien and the Oxford English Dictionary” (Peter Gilliver, Jeremy Marshall, Edmund Weiner)
  4. “J.R.R. Tolkien Companion and Guide (Two Volume Box Set)” (Christina Scull, Wayne G. Hammond)

Os vencedores desta e outras categorias serão anunciados na Mythcon XXXVIII, que acontecerá entre 3 e 6 de agosto de 2007, em Berkeley, Califórnia.

Fonte: Mythopoeic Society via Ayia Iluvatar (sic).

Vinyar Tengwar 49

Enviado por Carl F. Hostetter para a lista Lambengolmor na segunda-feira (11/06):

[Nota: Não sou tradutor profissional.]

Esta edição de 60 páginas é a terceira e última parte da apresentação por Patrick Wynne de “Eldarin Hands, Fingers & Numerals [Mãos, dedos e numerais Eldarin], que se conclui com uma análise de sete versões de um texto em Quenya sobre a ambidestria élfica, e traz um apêndice com escritos tardios de Tolkien sobre o verbo na “ser/estar”, o qual aparece em várias formas nesses textos. Esta edição também traz a apresentação de cinco frases volitivas do Quenya tardio em nai, indo desde 1964 até 1969, um dos quais saiu da mesma folha da Sentença dos Ambidestros (SA). Apresentadas como apêndices a estas estão duas séries de notas sobre as flexões pronominais do Quenya e formas relacionadas — datadas de 1964 e c. 1968, respectivamente — que trazem mais claridade sobre as desinências pronominais encontradas nas inscrições, e na SA.

Esta edição está sendo impressa e deve ser enviada por volta de 18 de junho.

Você pode conseguir mais informações para compra no site da ELF.

Dúvendor de volta

O “curto período offline” que o Glaurion mencionou no Andúnië é um pouquinho de exagero: faz dois anos que a Dúvendor não tinha atualização (última: 13/02/2005). Mas é inegável que ela fez falta. Ela é, antes de tudo, a casa de muitos dos que ainda estão, após os anos tumultuados dos filmes, ainda ativos no cenário tolkieniano brasileiro.

Sem contar que é bom demais ver mais um porto-alegrense com um site no ar. Contando com o Gabriel na Ardalambion e o Skywalker na Durbatulûk, somos quatro.

Bem-vinda de volta, Dúvendor!

Sobre o nome italiano “Sellaro”

Nota: O que está escrito abaixo é um exemplo de por que eu não traduzo sobrenomes para as línguas élficas. Descobrir o significado é algo complicado e não há muitas certezas. Se você quer saber mais sobre os italianos no Brasil, talvez o Portal Itália seja um bom lugar para começar.

Recebi uma pergunta nos comentários dos nomes em élfico do Giovanni Sellaro, que me questiona sobre a tradução de seu sobrenome. Minha resposta ficou meio longa, então achei melhor transformá-la em um post inteiro. Não mudei o tom de “resposta”, porque, bem, é uma resposta! 🙂

Monte SellaroGiovanni, não costumo responder a perguntas de sobrenomes, pois é muito difícil obter informações sobre eles. De fato encontrei uma fonte que corrobora com a sua informação de que o nome do Monte Sellaro (à direita) tem a ver com o ato de selar os cavalos para atravessá-lo, o que dá mais força à sua teoria.Mas quer saber a parte irônica disso? Os elfos não selavam os seus cavalos! 😀 Não tenho dúvidas de que os elfos cunharam uma palavra para “sela” (eles precisariam para se comunicar com os humanos), mas o próprio Tolkien nunca inventou uma. O verbo “cavalgar” também é uma grande incógnita para nós.Procurando por fontes, encontrei que a palavra vem da raiz proto indo-européia *sed- “sentar”, formando no caminho até o ing. saddle (“sela”) a palavra proto-germânica *sathulaz, que não parece ser extremamente elaborada (não sou filólogo, então não garanto nada). Nas línguas élficas, aparentemente Tolkien se resolveu por utilizar KHAD como a raiz proto-Eldarin para “sentar”, formando o verbo *har- no Juramento de Cirion.

Mas duvido que isso nos ajude. Ao que me parece, o substantivo saddle criou o verbo to saddle, o que não é possível nas línguas élficas, até onde eu lembre. O mais comum são substantivos verbais, ou seja, substantivos criados a partir de verbos, e não o contrário. Um exemplo em Quenya seria um possível subst. *harat “assento” a partir do v. *har-, mas acho impossível criar um v. ?harata- para um hipotético “assentar” (o exemplo é esdrúxulo, eu sei, mas serve).

Pode lhe reconfortar que nós sabemos como escrever “cavaleiro” em Quenya: roquen. Também é possível criar um verbo *colta- “vestir (alguém ou algo)”, que se utilizado em uma frase como coltanen i rocco “eu vesti o cavalo”, pode-se compreender, por extensão, “selei o cavalo”. Talvez *Roccoltar “selador de cavalos” seja uma construção com algum futuro também.

Pequena ausência

Devo estar ausente até o dia 1º ou 4 de junho, mas não entrem em pânico! Se quiserem uma tradução que não estiver entre os nomes em élfico, deixe um comentário. Abaixo do botão para enviar o comentário, há uma caixa chamada “Notifique-me de próximos comentários via e-mail”. Selecione essa caixa para receber uma notificação por e-mail quando chegar a resposta: invariavelmente responderei nos comentários, mesmo que a tradução seja inclusa na página em si mais tarde.

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Tenn’ enomentielva! (Até nosso reencontro!)